Grupo Pão de Açúcar pode ter nova eleição de conselho após André Diniz alcançar 24,6% do capital da empresa
Investidor pede assembleia extraordinária para reconfiguração do board da varejista paulista, a menos de quatro meses da última votação
247 - O empresário André Diniz, acionista da rede mineira Coelho Diniz e investidor no Grupo Pão de Açúcar (GPA), intensificou sua pressão por maior influência na gestão da companhia. Segundo revelou o Pipeline, do jornal Valor Econômico, Diniz comunicou em reunião do conselho, na última sexta-feira (23), que atingiu 24,6% do capital social e solicitou a convocação de uma assembleia geral extraordinária (AGE) para nova eleição de conselheiros.
Esse percentual o coloca a um passo da cláusula poison pill do GPA, que obriga a realização de oferta pública de aquisição caso um investidor alcance 25% das ações. Apesar da proximidade do limite, Diniz não pretende ultrapassá-lo por ora. Sua prioridade é alterar o equilíbrio de forças no conselho de administração, e não abrir discussão sobre a cláusula.
Mudança de forças no conselho
O conselho atual foi eleito em maio deste ano, mas já se encontra dividido em dois blocos: um formado por representantes ligados ao Casino e a Ronaldo Iabrudi, e outro pelos chamados “novos acionistas”, liderados por André Diniz e Rafael Ferri.
Com a nova configuração acionária, Diniz e Ferri acreditam ter condições de conquistar cinco ou seis das nove cadeiras do board, revertendo a maioria hoje sob influência do grupo Casino. Enquanto os antigos conselheiros destacam a recuperação das margens e a revitalização das marcas da rede, os novos acionistas criticam os prejuízos persistentes e defendem cortes mais duros de despesas e mudanças estratégicas mais rápidas.
Disputa recorrente e uso do voto múltiplo
A tentativa de ampliar espaço não é inédita. Em maio, quando detinha menos de 5% das ações, a família Diniz conseguiu apenas uma cadeira. Desde então, a participação aumentou significativamente.
Para a próxima votação, André Diniz deve recorrer ao voto múltiplo. Como esse mesmo sistema foi utilizado na eleição de maio, todos os assentos precisarão ser novamente submetidos à votação — não é possível trocar apenas alguns nomes, já que a eleição anterior não foi feita por chapas.
Próximos passos
O GPA deve comunicar oficialmente ao mercado a solicitação entre este domingo (25) e segunda-feira (26). Seguindo os prazos legais, a assembleia extraordinária deve ocorrer no final de setembro, definindo uma nova correlação de forças no conselho e possivelmente alterando os rumos da varejista paulista.