247 - O Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) aprovou, na última terça-feira (2), a venda de uma participação significativa no Grupo Pão de Açúcar (GPA) para a Família Coelho Diniz. A operação implica na aquisição de 24,5% das ações da Companhia Brasileira de Distribuição (CBD), que controla as marcas do GPA, incluindo Pão de Açúcar, Extra Mercado, Minuto Pão de Açúcar e Mini. 
Essa transação transforma a família Coelho Diniz no principal acionista do GPA, ultrapassando o Grupo Casino, que detém 22,5% da companhia, o que gerou especulações sobre uma possível mudança no controle da empresa, ainda que de forma compartilhada.
A Família Coelho Diniz, tradicionalmente envolvida em negócios no setor supermercadista, tem como carro-chefe a rede Supermercado Coelho Diniz, com 22 lojas localizadas no leste de Minas Gerais. Desde fevereiro deste ano, a família iniciou uma estratégia agressiva de expansão, começando com a compra de 5% das ações da CBD e ampliando essa fatia até os atuais 24,5%, que coloca o grupo em posição de destaque no GPA.
O Cade, ao aprovar a operação, destacou que não há risco de sobreposição horizontal ou integração vertical, uma vez que as empresas atuam em regiões diferentes e não possuem competição direta nas mesmas localidades. Em sua decisão, o superintendente-geral do Cade, Alexandre Barreto, afirmou que "a operação configura mera substituição de agente econômico", sem a necessidade de uma análise mais aprofundada dos mercados envolvidos, uma vez que não há concorrência direta entre as redes de supermercados da CBD e da Família Coelho Diniz.
Em Minas Gerais, por exemplo, a CBD tem presença apenas em Uberlândia, cidade onde o Supermercado Coelho Diniz não possui unidades. Além disso, o Cade observou que a família Coelho Diniz não fornece produtos para outros supermercados que não sejam de sua propriedade, o que também minimiza preocupações sobre a criação de um monopólio ou da concentração de mercado.
Com a aprovação do Cade, o GPA agora se prepara para novas discussões internas. Na noite de segunda-feira (1º), o GPA informou, por meio de um fato relevante enviado à Comissão de Valores Mobiliários (CVM), que os acionistas da família Coelho Diniz haviam submetido uma proposta de chapa de candidatos para a eleição do Conselho de Administração. Entre os nomes propostos estão André Luiz Coelho Diniz e outros executivos do grupo, que poderão influenciar diretamente as decisões estratégicas da companhia.
A transação e a movimentação política dentro do GPA revelam a crescente força da Família Coelho Diniz no setor supermercadista brasileiro e o impacto de suas ações na estrutura do GPA, que ainda deverá enfrentar uma análise detalhada do mercado para avaliar os reflexos dessa mudança no controle da gigante do varejo.

Luis Mauro Filho

Entrada de um supermercado da rede Pão de Açúcar, pertencente ao GPA

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Brasil

Cade aprova venda de participação do Grupo Pão de Açúcar ao grupo Coelho Diniz

247 - O empresário André Diniz, acionista da rede mineira Coelho Diniz e investidor no Grupo Pão de Açúcar (GPA), intensificou sua pressão por maior influência na gestão da companhia. Segundo revelou o Pipeline, do jornal Valor Econômico, Diniz comunicou em reunião do conselho, na última sexta-feira (23), que atingiu 24,6% do capital social e solicitou a convocação de uma assembleia geral extraordinária (AGE) para nova eleição de conselheiros.
Esse percentual o coloca a um passo da cláusula poison pill do GPA, que obriga a realização de oferta pública de aquisição caso um investidor alcance 25% das ações. Apesar da proximidade do limite, Diniz não pretende ultrapassá-lo por ora. Sua prioridade é alterar o equilíbrio de forças no conselho de administração, e não abrir discussão sobre a cláusula.
<h3>Mudança de forças no conselho</h3>
O conselho atual foi eleito em maio deste ano, mas já se encontra dividido em dois blocos: um formado por representantes ligados ao Casino e a Ronaldo Iabrudi, e outro pelos chamados “novos acionistas”, liderados por André Diniz e Rafael Ferri.
Com a nova configuração acionária, Diniz e Ferri acreditam ter condições de conquistar cinco ou seis das nove cadeiras do board, revertendo a maioria hoje sob influência do grupo Casino. Enquanto os antigos conselheiros destacam a recuperação das margens e a revitalização das marcas da rede, os novos acionistas criticam os prejuízos persistentes e defendem cortes mais duros de despesas e mudanças estratégicas mais rápidas.
<h3>Disputa recorrente e uso do voto múltiplo</h3>
A tentativa de ampliar espaço não é inédita. Em maio, quando detinha menos de 5% das ações, a família Diniz conseguiu apenas uma cadeira. Desde então, a participação aumentou significativamente.
Para a próxima votação, André Diniz deve recorrer ao voto múltiplo. Como esse mesmo sistema foi utilizado na eleição de maio, todos os assentos precisarão ser novamente submetidos à votação — não é possível trocar apenas alguns nomes, já que a eleição anterior não foi feita por chapas.
<h3>Próximos passos</h3>
O GPA deve comunicar oficialmente ao mercado a solicitação entre este domingo (25) e segunda-feira (26). Seguindo os prazos legais, a assembleia extraordinária deve ocorrer no final de setembro, definindo uma nova correlação de forças no conselho e possivelmente alterando os rumos da varejista paulista.

Grupo Pão de Açúcar pode ter nova eleição de conselho após André Diniz alcançar 24,6% do capital da empresa

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