Grupo argentino assume parte da dívida da InterCement
Compra de US$ 400 milhões reforça plano de reestruturação da cimenteira
247 - O grupo argentino Emes adquiriu cerca de US$ 400 milhões da dívida da InterCement, em meio ao processo de recuperação judicial da companhia. A operação será oficialmente comunicada em assembleia de acionistas marcada para 6 de outubro, conforme publicou o InvestNews.
A InterCement, que pediu recuperação judicial em dezembro passado, tenta há meses aprovar junto aos credores um plano de reestruturação de sua dívida, estimada em aproximadamente R$ 15 bilhões. A assembleia-geral de credores ocorrerá nos dias 30 de setembro e 6 de outubro, quando será votado o plano. A empresa já havia obtido uma extensão da suspensão das cobranças até 9 de outubro, após não conseguir concluir a votação em encontro realizado em 9 de setembro.
Disputa com credores
O impasse se arrasta desde 2023, quando a companhia deixou de honrar o pagamento de US$ 750 milhões em títulos. Esses papéis passaram a ser negociados no mercado secundário a cerca de 50% do valor de face. A renegociação é considerada crucial para a sobrevivência do grupo, que busca reorganizar passivos e preservar suas operações no Brasil e no exterior.
Estrutura da dívida e garantias
Do montante total, R$ 3,2 bilhões estão relacionados à holding Mover, antiga Camargo Corrêa, que também se encontra em recuperação judicial. Esse valor é devido ao Banco Bradesco e tem como garantia ações da empresa de mobilidade Motiva, sucessora da CCR. Em julho, InterCement e Mover firmaram um acordo preliminar com credores que prevê a venda de 14,86% de participação na Motiva, justamente para reduzir a dívida com o Bradesco BBI.
Operações internacionais
A InterCement mantém forte presença no setor de construção na América do Sul. Na Argentina, por meio da Loma Negra, possui 23 fábricas de cimento, 14 centrais de concreto e duas unidades de agregados, com capacidade instalada de cerca de 28 milhões de toneladas por ano. No Brasil, a companhia conta com 15 unidades produtivas em nove estados, empregando aproximadamente 3.400 trabalhadores.