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Gasolina no Amazonas sobe 52,6% após privatização da refinaria de Manaus

Encerramento do refino local elevou custos logísticos e colocou consumidores do Norte entre os que mais pagam pelo combustível no Brasil

Pistola de gasolina em posto de combustíveis, em Brasília 07/03/2022 REUTERS/Adriano Machado (Foto: REUTERS/Adriano Machado)

247 - O preço da gasolina no Amazonas acumula alta de 52,6% desde a privatização da Refinaria de Manaus (Ream), em 2022, segundo dados do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese), divulgados pela subseção da Federação Única dos Petroleiros (FUP). O levantamento, obtido pelo Brasil 247, mostra que o litro do combustível custava R$ 4,60 em dezembro de 2022 e chegou a R$ 7,02 em agosto de 2025.

Um boletim do Instituto de Estudos Estratégicos de Petróleo e Gás (Ineep), publicado nesta segunda-feira (15), reforça que a Região Norte registrou o maior preço médio do país em agosto, R$ 6,19 por litro, puxado principalmente por Amazonas e Acre. A média nacional foi a mesma, R$ 6,19, mas no Sudeste o valor médio foi menor, R$ 6,05.

Ream virou apenas base logística

Antes da venda, a refinaria processava mais de 900 mil barris de petróleo por mês. Em 2025, no entanto, operou apenas nos meses de março (296 mil barris) e abril (114 mil barris), volumes considerados irrisórios. Hoje, sob controle do grupo Atem, a unidade funciona basicamente como terminal de armazenamento, deixando de refinar o petróleo produzido em Urucu (AM).

“Essa mudança limitou sua operação e transferiu a atividade para São Paulo, encarecendo ainda mais o preço final para os consumidores amazonenses, que já estão entre os que mais pagam pela gasolina e pelo gás de cozinha no país”, afirmou Deyvid Bacelar, coordenador-geral da FUP.

Documento entregue ao presidente Lula

A FUP e o Sindicato dos Petroleiros do Amazonas (Sindipetro-AM) encaminharam ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva um documento denunciando os efeitos da privatização da Ream e sugerindo alternativas para recuperar o refino no estado. O texto, elaborado a partir de estudo do Ineep, aponta que a privatização provocou:

  •  queda abrupta na atividade de refino
  •  maior dependência da importação de derivados
  •  preços considerados abusivos para a população
  •  demissões em massa e precarização do trabalho
  •  perdas bilionárias na arrecadação estadual
  •  risco de transformar a unidade em mero terminal de estocagem

Medidas sugeridas ao governo

As entidades propõem duas possíveis saídas: reverter a privatização, reincorporando a refinaria à Petrobrás, ou estabelecer uma parceria com o grupo Atem para que o petróleo de Urucu volte a ser processado em Manaus.

“Essas ações visam reduzir custos logísticos, reativar empregos qualificados, fortalecer a economia regional e garantir preços mais justos para a população”, reforçou Bacelar.

O documento ainda defende a inclusão do Amazonas na estratégia nacional de energia, com a Petrobrás retomando papel central no setor de refino e contribuindo para o desenvolvimento econômico e social do país.

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