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Em nota, Comissão Arns denuncia massacre em favelas do Rio

Entidade repudia megaoperação com mais de cem mortos nos Complexos do Alemão e da Penha e responsabiliza governo estadual

Corpos de mortos pela polícia em chacina no Rio de Janeiro - 29 de outubro de 2025 (Foto: REUTERS/Ricardo Moraes)

247 - Em nota pública divulgada nesta quarta-feira (29), a Comissão Arns expressou profunda consternação diante do massacre ocorrido durante a chamada “megaoperação” policial nos Complexos do Alemão e da Penha, no Rio de Janeiro. Segundo a entidade, a ação — que resultou em mais de cem mortes — evidencia o descontrole das forças de segurança e a omissão do Estado na proteção da população mais vulnerável.

O comunicado, publicado no site oficial da Comissão Arns, manifesta solidariedade às famílias das vítimas — entre elas quatro policiais mortos em serviço — e repudia o que chama de “padrão de conduta inaceitável” do Estado fluminense. “Lamentamos também pelas pessoas feridas e aterrorizadas, que sofreram traumas em função do despreparo das autoridades incumbidas de zelar pela segurança pública”, afirma o texto.

Comissão critica “estado de exceção” e uso da força bruta

A entidade destacou que as chacinas recorrentes em comunidades pobres do Rio de Janeiro têm atingido níveis alarmantes, convertendo o uso da força letal em regra. “Não é concebível, assim como não é suportável, que a metrópole convulsione em pânico, plenamente justificado, a cada vez que soldados marcham sobre as vielas para, supostamente, combater as milícias ou os traficantes”, denuncia a nota.

A Comissão Arns afirma que o Estado fluminense deixou de garantir segurança pública e passou a se comportar como “promotor da insegurança, do desespero e do mais absoluto desconsolo”. Segundo o texto, “alegando atuar para reprimir bandos de criminosos, as forças públicas, desprovidas de inteligência operacional orientada por senso ético, exacerbam a própria criminalidade”.

Cláudio Castro é alvo de críticas diretas

A nota também faz duras críticas ao governador Cláudio Castro (PL), classificando como “constrangedoras” as declarações em que ele tentou atribuir a responsabilidade pela tragédia ao governo federal. “A União, os estados e os municípios precisam trabalhar em conjunto, ou a catástrofe da insegurança pública jamais poderá ser vencida. Para que isso se dê, no entanto, um mínimo de compostura e de seriedade se faz indispensável – e essa não tem sido a marca do governador fluminense”, pontua o documento.

A Comissão Arns acusa o governo estadual de agir com “descaso infamante” diante do sofrimento dos moradores das favelas e pede ação imediata para conter a desumanidade e o abuso de autoridade. “Seu descaso com a vida chega a ser infamante, diante dos padecimentos de seus concidadãos. Essa displicente morbidez precisa ser contida imediatamente. Chega de desumanidade. Chega de crueldade. Chega de abuso de autoridade!”, conclui a nota.

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