“Em mais de 60 anos de diplomacia, nunca vi nada parecido”, diz Celso Amorim sobre tarifas e carta de Trump
Diplomata reage à decisão dos EUA de sobretaxar produtos brasileiros e acusa Trump de misturar política interna com comércio exterior
247 - O assessor especial para Assuntos Internacionais da Presidência da República, Celso Amorim, fez duras críticas à carta enviada pelo ex-presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva. No documento, Trump anuncia uma tarifa de 50% sobre produtos brasileiros e ataca as instituições brasileiras, acusando o Judiciário de promover uma “caça às bruxas” contra Jair Bolsonaro. Amorim classificou o conteúdo como “sem precedentes” em mais de seis décadas de atuação diplomática. A informação foi divulgada pelo jornal O Globo.
“A carta começa falando de Bolsonaro, da Justiça, do Supremo, e depois muda para tarifa. Em mais de 60 anos de diplomacia, nunca vi nada parecido”, declarou Amorim, que também foi chanceler nos dois primeiros mandatos de Lula.
partir do próximo mês. A justificativa apresentada pelo ex-presidente norte-americano tem cunho político, citando o tratamento dado pela Justiça brasileira a Jair Bolsonaro — atualmente réu no Supremo Tribunal Federal (STF) — e a empresas de tecnologia dos Estados Unidos.
O ex-presidente brasileiro é acusado de liderar uma tentativa de golpe de Estado que resultou nos ataques às sedes dos Três Poderes em 8 de janeiro de 2023. O julgamento de Bolsonaro e de outros envolvidos no episódio deve ocorrer até setembro deste ano.
A reação do governo brasileiro foi imediata. Após reunião ministerial emergencial na noite de quarta-feira, Lula usou as redes sociais para afirmar que “qualquer medida de elevação de tarifas de forma unilateral será respondida à luz da Lei brasileira de Reciprocidade Econômica”. O presidente acrescentou: “O Brasil é um país soberano, com instituições independentes que não aceitará ser tutelado por ninguém”.
Durante a reunião no Palácio do Planalto, ficou decidido que a secretária de Europa e América do Norte do Itamaraty, Maria Luísa Escorel, convocaria pela segunda vez no mesmo dia o encarregado de negócios da Embaixada dos EUA em Brasília. Escorel informou que o Brasil devolverá a carta enviada por Trump, por considerá-la ofensiva e recheada de inverdades sobre o país.
Antes mesmo de chegar oficialmente ao governo brasileiro, a carta já havia sido divulgada por Trump em sua rede social Truth Social, o que acentuou o desconforto diplomático. O gesto reforçou, segundo fontes do Itamaraty, a percepção de que o ex-presidente americano tenta instrumentalizar relações bilaterais em benefício de aliados políticos.
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