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Elogio de Trump a Lula abre diálogo entre Itamaraty e Casa Branca

Declaração de Trump na ONU interrompe ciclo de comunicação apenas com o bolsonarismo

Lula e Donald Trump - 23 de setembro de 2025 (Foto: Reuters)

247 - O discurso do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, durante a Assembleia Geral da ONU, alterou o cenário da política externa brasileira. Ao afirmar que teve uma "química excelente" com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), Trump desmontou a narrativa bolsonarista de interlocução exclusiva com a Casa Branca.

Segundo a coluna da jornalista Andréia Sadi, do G1, a fala repercutiu entre aliados de Jair Bolsonaro (PL) e no Itamaraty, que enxergaram o gesto como um divisor de águas. O discurso colocou em xeque a estratégia do influenciador bolsonarista Paulo Figueiredo e do deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP), que buscam monopolizar o contato político com Washington.

Eduardo e Figueiredo residem nos EUA e têm atuado junto a integrantes do governo Trump na imposição de sanções ao Brasil e a autoridades brasileiras**,** visando interferir no resultado do julgamento de Jair Bolsonaro (PL) pelo Supremo Tribunal Federal (STF). O ex-mandatário foi condenado pela Primeira Turma do STF a cumprir uma pena de 27 anos e três meses de prisão por tramar um golpe de Estado após perder o pleito presidencial de 2022.

Impacto no bolsonarismo

Na ala pragmática do bolsonarismo, a leitura é de que Lula sai fortalecido, mas não apenas ele. O governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas, também é apontado como beneficiado, já que vinha tentando estabelecer diálogo direto com os EUA, mas era constantemente desautorizado pelos representantes bolsonaristas.

Diplomatas do Itamaraty celebraram o gesto como um verdadeiro "golaço". Um integrante do governo ressaltou: "Era meio óbvio que ia dar uma química lá. Não podia ser telefonema, tinha que ser ao vivo".

Desgaste da ala radical

Para os governistas ouvidos pela reportagem, a fala de Trump deixou em situação desconfortável setores do bolsonarismo que defendiam sanções americanas como forma de agradar às lideranças da direita. Esses grupos agora enfrentam dificuldades para sustentar sua narrativa de proximidade exclusiva com Washington.

A lembrança de encontros passados voltou à tona, como quando Jair Bolsonaro, em viagem oficial, declarou em inglês ao mandatário estadunidense: "Trump, I love you". Agora, porém, o gesto do atual presidente dos EUA em relação a Lula reposiciona o tabuleiro político e diplomático do Brasil.

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