Eduardo Bolsonaro envia ofício a presidente da Câmara solicitando exercer mandato dos EUA
Filho de Jair Bolsonaro alega perseguição política no Brasil e pede autorização para manter atuação parlamentar a partir dos Estados Unidos
247 – O deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP), filho do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), enviou nesta quinta-feira (29) um ofício ao presidente da Câmara dos Deputados, Hugo Motta (Republicanos-PB), solicitando autorização para exercer seu mandato a partir dos Estados Unidos. A informação foi publicada pela Sputnik Brasil.
Eduardo está nos EUA desde fevereiro, quando viajou para o período do Carnaval e não retornou após o recesso parlamentar em agosto. No documento divulgado em suas redes sociais, ele afirma estar impedido de exercer seu mandato no Brasil devido a uma suposta perseguição política e jurídica, e pede que a Câmara crie mecanismos para permitir sua participação remota nas atividades legislativas.
O pedido de Eduardo Bolsonaro
No ofício, Eduardo escreve:
"Durante o período de Carnaval, viajei aos EUA levando apenas uma pequena mala, em caráter predominantemente privado. Ainda no curso dessa viagem, surgiram notícias de que minha atuação internacional estava incomodando a ponto de se cogitar a cassação de meu passaporte e a imposição de outras medidas restritivas. Certo de que não poderia correr o risco de interromper esforços diplomáticos tão relevantes, decidi permanecer em território norte-americano em licença não remunerada, direito assegurado a qualquer parlamentar."
O deputado argumenta que, assim como ocorreu durante a pandemia de Covid-19, quando parlamentares participaram de votações remotamente, a Câmara deveria assegurar a mesma possibilidade em razão da atual “crise institucional”. Ele acrescenta:
"Não se pode admitir que o que foi assegurado em tempos de crise sanitária deixe de sê-lo em um momento de crise institucional ainda mais profunda. Vivemos, infelizmente, sob um regime de exceção, em que deputados federais exercem seus mandatos sob o terror e a chantagem instaurados por um ministro do STF que age fora dos limites constitucionais e já é alvo de repúdio internacional. Não reconheço falta alguma, não renuncio ao meu mandato, não abdico das minhas prerrogativas constitucionais e sigo em pleno exercício das funções que me foram conferidas pelo voto popular."
Atuação política nos Estados Unidos
Desde que se instalou nos EUA, Eduardo Bolsonaro tem mantido encontros com representantes do governo norte-americano. Sua principal pauta é articular pressões pela anistia do pai, Jair Bolsonaro, atualmente em prisão domiciliar, caso seja condenado pelo Supremo Tribunal Federal (STF) por crimes relacionados à tentativa de golpe de Estado.
No último domingo (24), em entrevista a um canal conservador norte-americano, Eduardo exaltou o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, chamando-o de “o maior líder de todos os tempos”. Ele também agradeceu o tarifaço imposto contra exportações brasileiras:
"Também tenho que agradecer muito ao presidente Trump, ele é o maior líder de todos os tempos na história da humanidade, na minha opinião. Ele começou dando alguma pressão no sistema financeiro do Brasil com as tarifas de 50%, e claramente dizendo que isso não é só por questões comerciais, mas também porque o Brasil está vivendo uma enorme crise institucional."
Além disso, voltou a atacar o ministro Alexandre de Moraes, do STF, chamando-o de “juiz louco” e defendendo a aprovação de uma anistia no Congresso Nacional.
Indiciamento pela Polícia Federal e julgamento de Jair Bolsonaro
Na semana passada, a Polícia Federal indiciou Jair e Eduardo Bolsonaro sob a acusação de tentar influenciar processos judiciais no Brasil por meio das sanções econômicas impostas por Donald Trump. A PF também pediu ao STF que uma equipe de agentes permaneça em tempo integral na casa do ex-presidente, considerando o monitoramento eletrônico por tornozeleira insuficiente para evitar uma possível fuga. O ministro Alexandre de Moraes encaminhou a solicitação à Procuradoria-Geral da República, que deve se manifestar até segunda-feira (1º).
O julgamento de Jair Bolsonaro na Suprema Corte está marcado para quarta-feira (3), em um dos capítulos mais críticos da crise política e institucional que o país atravessa.