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Delgatti afirma que Zambelli ordenou invasão ao CNJ: 'pode falar que mandei'

Hacker revela detalhes sobre ordens de Zambelli para invadir sistemas do TSE e do CNJ com intuito de desacreditar segurança digital

Walter Delgatti (Foto: Vinicius Loures/Câmara dos Deputados)

247 - O hacker Walter Delgatti, conhecido por seu envolvimento em diversas invasões a sistemas governamentais, prestou depoimento por videoconferência nesta quarta-feira (10) à Comissão de Constituição e Justiça (CCJ). Delgatti, que está preso em Tremembé (SP), revelou detalhes sobre as ordens que recebeu da deputada federal Carla Zambelli para invadir sistemas do Conselho Nacional de Justiça (CNJ), do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) e até do Supremo Tribunal Federal (STF). As informações são do UOL.

Durante o interrogatório, Delgatti explicou que as invasões aconteceram entre 2022 e 2023, a pedido de Zambelli, que queria provas de que o sistema de justiça brasileiro, incluindo o TSE, era vulnerável. “Ela pediu que eu invadisse o TSE, o CNJ, o STF, que eu conseguisse comprovar que o sistema era violável, pois ela queria desacreditar o discurso que à época havia sobre a segurança do sistema de justiça e do TSE do Brasil”, declarou o hacker.

Zambelli, que atualmente se encontra na Itália, acompanhou o depoimento virtualmente e teve a oportunidade de fazer perguntas diretamente a Delgatti. A defesa da deputada também poderá interrogar o hacker, assim como o especialista Michel Spiero, que está programado para depor sobre a coleta e preservação de provas digitais.

Em seu relato, Delgatti foi enfático ao afirmar que não havia interesse pessoal em invadir os sistemas e que só o fez após o pedido explícito da deputada. “Eu não tinha interesse nisso”, disse ele, destacando que a única motivação para as invasões foi a solicitação de Zambelli.

Uma das revelações mais graves feitas por Delgatti envolveu a ordem para emitir um despacho e uma ordem de prisão contra o ministro do STF, Alexandre de Moraes. O hacker afirmou que Zambelli teria enviado até a “síntese da decisão” para a execução dessa ação, que, segundo ele, deveria ser uma forma de demonstrar que o sistema estava vulnerável. “Seria emitido uma ordem de prisão contra o ministro Alexandre de Moraes, como se fosse ele mesmo mandando prender ele mesmo, que seria uma sátira, uma forma de comprovar que realmente o sistema foi invadido”, afirmou Delgatti.

Além disso, o hacker relatou que, devido à Operação Spoofing, que investigava a invasão de celulares de autoridades no Telegram, ele não tinha acesso constante à internet. Segundo ele, por precaução, “todos os dias antes de dormir, eu resetava o celular”. Delgatti também negou ter trocado mensagens com Zambelli sobre os ataques, embora tenha confirmado que recebeu ordens diretas para realizar as invasões.

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