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      Conversa de Lula com Trump depende de articulação diplomática

      Ligação entre presidentes do Brasil e EUA preparação prévia

      Lula e Donald Trump (Foto: ABR | Reuters)

      247 - A expectativa por um diálogo direto entre o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, marca o início desta semana. A declaração de Trump — “Lula pode falar comigo quando quiser” feita na última sexta-feira (1º) foi recebida como um gesto simbólico, mas não significa que a conversa possa ocorrer de forma imediata.

      Fontes diplomáticas ouvidas pelo G1 afirmaram que, embora a frase represente um sinal de abertura, contatos entre chefes de Estado não se dão de forma espontânea. “Toda ligação presidencial exige articulação prévia entre as equipes, definição de temas e tom adequado ao momento político”, explicaram interlocutores no Itamaraty.

      O pano de fundo dessa movimentação é o acirramento das relações entre os dois países. No dia 30 de julho, Trump assinou uma ordem executiva que impõe tarifa de 50% sobre produtos brasileiros, medida que gerou forte reação do governo brasileiro. No mesmo dia, os EUA anunciaram a sanção ao ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes, com base na chamada Lei Magnitsky, usada por Washington para punir autoridades estrangeiras sob alegações de violação de direitos humanos.

      No domingo (3), Lula abordou o tema durante o Encontro Nacional do PT. Falando sobre a necessidade de prudência nas tratativas com o governo norte-americano, o presidente destacou: “Nessa briga que a gente está fazendo agora, com a taxação dos Estados Unidos, eu tenho um limite de briga com o governo americano. Eu não posso falar tudo que eu acho que eu devo falar, eu tenho que falar o que é possível falar, porque eu acho que nós temos que falar aquilo que é necessário.”

      Lula enfatizou que o Brasil não deseja confrontos, mas também não aceitará intimidações: “Nós não queremos confusão. Então, quem quiser confusão conosco, pode saber que nós não queremos brigar. Agora não pensem que nós temos medo. Não pensem.”

      Apesar das tensões, o presidente reafirmou a disposição para o diálogo e negociações: “Nós estamos trabalhando, nós vamos ajudar as nossas empresas, nós vamos defender os nossos trabalhadores e vamos dizer o seguinte: quando quiser negociar, as propostas estão na mesa.”

      A reação do governo brasileiro à fala de Trump foi complementada por uma publicação de Lula nas redes sociais no mesmo dia: “Sempre estivemos abertos ao diálogo. Quem define os rumos do Brasil são os brasileiros e suas instituições. Neste momento, estamos trabalhando para proteger a nossa economia, as empresas e nossos trabalhadores, e dar as respostas às medidas tarifárias do governo norte-americano.”

      No campo diplomático, o movimento mais significativo ocorreu em Washington, com o encontro entre o ministro das Relações Exteriores, Mauro Vieira, e o secretário de Estado dos EUA, Marco Rubio. Após a reunião, Vieira declarou ter sido firme em sua posição: “Eu disse a Marco Rubio que o Brasil não se curvará a pressões externas.”

      Segundo relatos do Itamaraty, a conversa com Rubio abordou diretamente o processo judicial que envolve o ex-presidente Jair Bolsonaro, réu por tentativa de golpe de Estado. A menção a esse tema num contexto de sanções e disputas tarifárias amplia o clima de desconfiança e disputa política entre os dois governos. 

      Enquanto isso, no Itamaraty, cresce a cautela quanto à possibilidade de uma conversa direta entre os dois presidentes. A orientação do corpo diplomático é evitar qualquer improviso que possa ser interpretado como sinal de fragilidade institucional ou desalinhamento estratégico. 

      A depender dos próximos passos dos EUA, especialmente sobre o destino das tarifas e a evolução do processo de sanção ao ministro Moraes, a relação bilateral poderá caminhar para uma retomada de diálogo ou para um agravamento das divergências. 

      A diplomacia brasileira sabe que, no atual contexto geopolítico e eleitoral, cada gesto exige cálculo preciso. Como afirmou um diplomata de alto escalão, sob condição de anonimato: “Neste momento, mais importante que responder no grito é sustentar a posição do Brasil com firmeza, sem romper pontes.”

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