Câmeras da PM podem ter falhado por falta de bateria em operação no Alemão
Secretário Marcelo de Menezes afirmou que os equipamentos ficaram sem carga durante a megaoperação que mobilizou 2,5 mil agentes no Rio
247 - O secretário da Polícia Militar do Rio de Janeiro, Marcelo de Menezes, afirmou nesta terça-feira (29) que as câmeras corporais usadas pelos policiais podem não ter registrado toda a megaoperação realizada nos complexos do Alemão e da Penha. Segundo o secretário, a falta de bateria nos equipamentos pode ter interrompido as gravações em meio ao confronto.
As declarações foram dadas em entrevista coletiva com a cúpula da segurança pública do estado, conforme noticiado pelo jornal O Globo. Menezes explicou que as equipes começaram a se mobilizar ainda na madrugada, por volta das 3h, e que as câmeras têm autonomia limitada de cerca de 12 horas.
“As baterias duram cerca de 12 horas. Mas começamos a nos reunir às 3h de terça-feira. As nossas tropas começaram a se movimentar às 5h. É preciso considerar que, em algum momento, há a substituição dessas baterias quando o policiamento ostensivo está em andamento”, disse o secretário.
Segundo Menezes, o confronto intenso nas comunidades impediu que os policiais realizassem a troca das baterias.
“Diante do cenário em que os policiais atuavam na operação, certamente, em determinado momento, as baterias se esgotaram e as gravações foram interrompidas. Não houve oportunidade de chegar até os policiais. Como houve forte confronto, isso impediu que as baterias fossem substituídas”, completou.
O secretário afirmou ainda que todas as diretrizes determinadas pela ADPF das Favelas foram cumpridas e que as imagens registradas serão disponibilizadas aos órgãos de controle.
Megaoperação contra o Comando Vermelho
A ação conjunta das polícias Civil e Militar teve como alvo as facções criminosas que atuam nos complexos do Alemão e da Penha. O objetivo era cumprir 51 mandados de prisão contra integrantes do Comando Vermelho (CV) e combater a expansão territorial do grupo.
Mais de 2,5 mil agentes participaram da operação, que contou com o apoio de promotores do Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco). O aparato envolveu drones, dois helicópteros, 32 blindados e 12 veículos de demolição.
Até o meio da manhã de terça-feira (29), 23 pessoas haviam sido presas e dez fuzis apreendidos. Ao final do dia, o número de presos chegou a 81, e 42 armas de grosso calibre foram retiradas de circulação. Entre os mortos estavam dois suspeitos vindos da Bahia, de acordo com as autoridades.
Impactos na cidade
A megaoperação causou grande impacto na rotina dos moradores do Rio. Ao menos 45 escolas municipais suspenderam as aulas por motivos de segurança. O tráfego também foi afetado: barricadas com lixo e entulho bloquearam trechos da Estrada Grajaú-Jacarepaguá, o que levou a prefeitura a fechar a via temporariamente.
O movimento de retorno para casa começou mais cedo do que o habitual, por volta do meio-dia, quatro horas antes do horário de pico registrado em dias comuns.
Durante a ação, dois policiais civis foram mortos e outros sete agentes ficaram feridos. Os feridos foram levados ao Hospital Getúlio Vargas, na Penha, na Zona Norte da cidade.
A operação, uma das maiores já realizadas neste ano, reacende o debate sobre a eficácia e o controle das ações policiais em áreas dominadas pelo tráfico, além da necessidade de aprimorar o uso das câmeras corporais como instrumento de transparência.


