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      Brasil atrai capital estrangeiro em meio a juros altos e resiliência econômica, diz Goldman Sachs

      John Waldron, número dois do Goldman Sachs, avalia que a economia brasileira mantém apelo para investidores internacionais

      John Waldron, presidente e diretor de operações do Goldman Sachs, fala durante o Goldman Sachs Investor Day na sede do Goldman Sachs em Nova York, EUA, em 28 de fevereiro de 2023 (Foto: REUTERS/Brendan McDermid)
      Luis Mauro Filho avatar
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      247 - O jornal Valor Econômico destacou nesta terça-feira (26) a análise de John Waldron, presidente não executivo e vice-presidente operacional do Goldman Sachs, que esteve no Brasil para celebrar os 30 anos de atuação do banco no país. Segundo o executivo, a combinação de taxas de juros reais elevadas e a resiliência da economia brasileira tornam o mercado local altamente atrativo para a entrada de capital estrangeiro.

      Em entrevista ao veículo, Waldron afirmou que o Goldman Sachs evoluiu de um pequeno escritório com três funcionários para uma operação robusta com 450 profissionais no Brasil. Ele ressaltou que o país se beneficia de um “superciclo de investimentos” em áreas como infraestrutura, energias renováveis, descarbonização, data centers e semicondutores, setores impulsionados pelo avanço da inteligência artificial.

      Fluxo de capital e atratividade brasileira

      De acordo com Waldron, boa parte desses investimentos virá do setor privado, diante do elevado endividamento dos governos após a pandemia de covid-19. “Vemos capital fluindo [para o Brasil]. Em parte, é por isso que nossos negócios estão indo bem aqui, porque somos um intermediário do capital global que quer entrar no mercado brasileiro”, afirmou. Para ele, a economia do país “se mostrou bastante resiliente, com taxas de juros razoavelmente elevadas e altas taxas de retorno real. Portanto, é um lugar atraente para alocar capital”.

      O executivo também relatou que investidores demonstram otimismo cauteloso, mas monitoram três pontos de preocupação: política fiscal, juros altos e as relações comerciais entre Brasil e Estados Unidos. “Há um otimismo cauteloso de que a situação fiscal pode melhorar e os juros podem cair. E que a relação com os EUA pode voltar a se fortalecer”, disse após reuniões com autoridades e investidores, incluindo o presidente do Banco Central, Gabriel Galípolo.

      Guerra tarifária e relações internacionais

      Questionado sobre a guerra tarifária conduzida pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, Waldron evitou críticas diretas, mas destacou a capacidade brasileira de diversificar parceiros comerciais. “O Brasil tem recursos que são atrativos, ainda tem uma economia doméstica muito forte. A relação com os EUA é importante, eu gostaria que fosse mais forte, mas acho que o Brasil vai ter múltiplos parceiros, então não vai se alinhar exclusivamente com os EUA ou com a China”, analisou.

      Visão sobre juros americanos e papel no Goldman

      Quanto à economia dos Estados Unidos, Waldron avaliou que o Federal Reserve deverá retomar cortes de juros em setembro, possivelmente em 0,25 ponto percentual, mas o mercado já discute reduções maiores. Ele ressaltou que há sinais de enfraquecimento no mercado de trabalho americano, ainda com inflação elevada, porém mais estável.

      Apesar das especulações sobre uma possível sucessão de David Solomon no comando global do Goldman Sachs, Waldron minimizou o tema. “David [Solomon] tem um emprego. Eu tenho um emprego. Nosso trabalho é tornar o Goldman Sachs mais valioso, mais resiliente, mais capaz de atender nossos clientes, e é nisso que ele e eu estamos focados”, disse.

      Presença consolidada no Brasil

      Embora não divulgue números detalhados da operação brasileira, o Goldman Sachs considera o país uma de suas principais plataformas fora dos grandes centros globais. Waldron comparou a atuação no Brasil à estrutura do banco em Cingapura e destacou que a América Latina já se tornou uma das maiores regiões de crescimento. Segundo ele, o sucesso da operação depende da capacidade de se manter local e global ao mesmo tempo, com persistência de longo prazo.

      O executivo observou ainda que, mesmo com emissões de ações paradas, há forte interesse internacional em fusões e aquisições no Brasil, sobretudo de investidores globais em busca de participações em empresas nacionais. “Se você é um alocador global de ativos e acredita que a economia será relativamente resiliente, esse é um lugar superatraente”, afirmou.

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