Boulos toma posse como ministro na quarta-feira
Lula aposta em Guilherme Boulos para fortalecer a articulação política e aproximar o governo de setores populares
247 - O presidente Luiz Inácio Lula da Silva dará posse a Guilherme Boulos (PSOL-SP) como novo ministro da Secretaria-Geral da Presidência da República. A cerimônia ocorrerá na próxima quarta-feira, 29 de outubro, às 16h, no Salão Nobre do Palácio do Planalto, em Brasília.
Boulos foi escolhido para ocupar uma função-chave na articulação do governo junto à sociedade civil e às bases políticas. Lula enxerga no novo ministro uma figura essencial para consolidar uma coordenação política de caráter informal, voltada à construção de alianças e à mobilização social até a eleição presidencial de 2026.
O novo ministro atuará em sintonia com Gleisi Hoffmann, ministra de Relações Institucionais, e Sidônio Palmeira, titular da Secretaria de Comunicação Social. Juntos, formarão o núcleo responsável por impulsionar as agendas de mobilização e diálogo direto com a população.
As três missões dadas por Lula a Boulos
Fontes próximas ao Planalto informam que Boulos recebeu do presidente três tarefas centrais: “colocar o governo na rua”, ampliar o diálogo com os trabalhadores de aplicativos e fortalecer a pauta pelo fim da escala 6x1. A estratégia é aproveitar a trajetória do novo ministro, marcada pela atuação em movimentos sociais e pela capacidade de mobilização, para aproximar o governo de setores populares e sindicais.
No entanto, lideranças de partidos de centro avaliam que a imagem de Boulos como “radical de esquerda” pode gerar resistência em segmentos fora da base histórica do PT.
Primeiros passos no ministério
Nos primeiros dias após a posse, Boulos deverá se reunir com servidores e dirigentes da Secretaria-Geral, incluindo o ex-ministro Márcio Macêdo, que deixa o cargo para se dedicar à candidatura a deputado federal por Sergipe. A transição servirá para definir quais projetos terão continuidade.
A nova equipe será composta por aliados de longa data do ministro — entre eles militantes da Frente Povo Sem Medo e do MTST —, mas também incluirá representantes de outros movimentos, como o MST. O principal desafio será equilibrar as tradicionais disputas entre grupos ligados ao PSOL e setores da esquerda próximos ao PT.
A pauta dos trabalhadores de aplicativos
Um dos temas mais sensíveis sob a responsabilidade de Boulos será a regulamentação do trabalho por aplicativos, ponto de atrito entre o governo e os trabalhadores da categoria. A tentativa anterior de acordo, que chegou a ser articulada em conjunto com o então presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, foi rejeitada pelos entregadores e motoristas, que apontaram risco de perda de renda.
Agora, o novo ministro articula um texto alternativo, que prevê remuneração mínima, seguro obrigatório e transparência nos algoritmos, preservando a flexibilidade do trabalho. A proposta foi elaborada em diálogo com associações de entregadores e já tem apoio de parlamentares de dez partidos, inclusive da centro-direita. No Planalto, há expectativa de que a medida se transforme em uma bandeira eleitoral para 2026, caso avance ainda nesta legislatura.
Mobilização nacional
Outra missão de Boulos será liderar uma mobilização nacional em defesa dos programas federais. Ele percorrerá os estados como uma espécie de “porta-voz itinerante” do governo, reforçando a comunicação direta com a população e apresentando resultados de políticas públicas. A ideia é que atue como uma extensão da figura de Lula, que tem dividido sua agenda entre compromissos internos e viagens internacionais.
Escala 6x1 e bandeira trabalhista
O terceiro eixo de atuação do novo ministro será a pauta trabalhista contra a escala 6x1, regime que obriga o trabalhador a atuar seis dias por semana, com apenas um de folga. A proposta de mudança, impulsionada por movimentos sociais e apoiada por Lula, ganhou força recentemente nas redes e no Congresso.
Uma PEC apresentada pela deputada Erika Hilton (PSOL-SP) propõe o fim da escala, mas ainda enfrenta resistência de parte dos parlamentares. Caberá a Boulos ampliar o debate e transformar a iniciativa em uma das principais bandeiras de Lula para 2026.


