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Bolsonaristas tentam usar chacina no Rio como “trunfo político” em 2026, avalia Planalto

Aliados de Jair Bolsonaro usam ação que deixou mais de 120 mortos no Rio para atacar o governo Lula e reforçar discurso eleitoral

Dezenas de corpos são trazidos por moradores para a Praça São Lucas, na Penha, zona norte do Rio de Janeiro. Foto: Tomaz Silva /Agência Brasil (Foto: Tomaz Silva/Agência Brasil)

247 - A operação policial mais letal da história do Rio de Janeiro, que resultou em mais de 120 mortes, tem sido explorada por lideranças ligadas ao ex-presidente Jair Bolsonaro como instrumento político para as eleições de 2026. Integrantes do governo Lula avaliam que o episódio vem sendo usado pela oposição como uma tentativa de reviver o discurso da segurança pública, central nas campanhas anteriores.

Segundo reportagem publicada pleo jornal O Globo, o governador do Rio, Cláudio Castro (PL), foi o primeiro a politizar o episódio. Em coletiva de imprensa, Castro afirmou que o governo federal teria se negado a apoiar a operação, que mirava o Comando Vermelho. Posteriormente, o governador entrou em contato com a ministra da Secretaria de Relações Institucionais, Gleisi Hoffmann, para recuar e esclarecer suas declarações.

Enquanto isso, nomes de destaque do bolsonarismo, como o deputado Nikolas Ferreira (PL-MG), exaltaram a ação, classificando-a como “a maior faxina da história do Rio de Janeiro”. O termo contrasta com o relato de moradores das comunidades afetadas, que chamam o episódio de “chacina” e denunciam abusos cometidos durante os confrontos.

Nas redes sociais e no Congresso, parlamentares da oposição têm insistido em associar o governo Lula ao crime organizado. Eles também voltaram a explorar uma fala recente do presidente sobre “traficantes vítimas de usuários” — declaração pela qual Lula pediu desculpas posteriormente.

Para o governo federal, a estratégia da oposição é clara: transformar a pauta da segurança pública em campo de batalha eleitoral. A tática remete à campanha de 2022, quando setores da direita tentaram colar em Lula a imagem de conivência com facções criminosas. “Há um esforço para transformar tragédia em plataforma política”, avalia um interlocutor do Planalto.

Pesquisas internas de partidos conservadores indicam que, nos últimos dois meses, Lula registrou crescimento nas intenções de voto, enquanto Jair Bolsonaro, Michelle Bolsonaro e o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas, sofreram quedas expressivas.

A reunião de Cláudio Castro com governadores de direita, marcada para esta quarta-feira (29), é vista por aliados do governo como mais um gesto de natureza política. Enquanto isso, o cenário no Rio continua desolador: ao longo da madrugada, dezenas de corpos foram levados para a Praça São Lucas, no Complexo da Penha, zona norte da capital. Os cadáveres, retirados da região da Vacaria — palco dos confrontos mais intensos —, elevaram o número de mortos para 122, consolidando a operação como a mais letal já registrada no estado.

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