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BC começa a recuperar confiança sobre inflação, avalia economista-chefe do Itaú

Mário Mesquita diz que política monetária do Banco Central começa a dar resultados, mas corte nos juros só deve ocorrer em 2025

Mario Mesquita (Foto: Divulgação)

247 - O Banco Central do Brasil tem obtido avanços no combate às expectativas de inflação, segundo avaliação do economista-chefe do Itaú Unibanco, Mário Mesquita. A declaração foi feita nesta quarta-feira (27) em entrevista a jornalistas em São Paulo e reproduzida pela agência Reuters. Para o economista, os sinais de convergência das projeções indicam que a atual política monetária deve ser mantida por mais tempo.

“O Banco Central está começando a ganhar a batalha das expectativas (de inflação), isso é muito bom”, afirmou Mesquita. Segundo ele, a estratégia de manter os juros em nível elevado está “colhendo frutos” e, por isso, não há espaço imediato para cortes na taxa Selic. O Itaú projeta que o primeiro movimento de redução só deve ocorrer no início de 2025.

Selic permanece em patamar restritivo

No mês passado, o Comitê de Política Monetária (Copom) interrompeu o ciclo de alta dos juros e decidiu manter a Selic em 15%. A decisão foi unânime e acompanhada da sinalização de que a taxa permanecerá nesse nível por um período “bastante prolongado”, como forma de assegurar a convergência da inflação à meta de 3% ao ano.

A autoridade monetária tem reiterado preocupação com a resiliência da atividade econômica, a pressão no mercado de trabalho e a dificuldade de ancoragem das expectativas de inflação. Ainda assim, a Pesquisa Focus, divulgada nesta semana, trouxe alívio: analistas reduziram pela 13ª vez seguida a projeção do IPCA para 2025, de 4,95% para 4,86%. Para 2026, a estimativa caiu pela 6ª semana consecutiva, chegando a 4,33%.

Real ganha força diante do dólar

Outro fator que contribui para o arrefecimento das projeções inflacionárias é o comportamento do câmbio. O real vem se fortalecendo diante do dólar, acompanhando tendência global de desvalorização da moeda norte-americana.

“O real se fortaleceu em linha com as outras moedas. Estamos vendo um episódio de enfraquecimento do dólar”, destacou Mesquita. Segundo ele, ainda há espaço para novas quedas da moeda dos Estados Unidos. No acumulado do ano, o dólar já recuou 11,8% frente ao real.

A percepção do Itaú reforça a leitura de que o Banco Central deverá manter a Selic em patamar elevado até o início de 2025, buscando consolidar a ancoragem das expectativas antes de iniciar uma flexibilização monetária.

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