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Bancários denunciam “assédio digital” em cortes do Itaú

Sindicatos acusam banco de usar monitoramento de home office para justificar mais de mil demissões

Bancários denunciam “assédio digital” em cortes do Itaú (Foto: Sergio Moraes/Reuters)

247 - A COE (Comissão Organizadora dos Empregados) do Itaú-Unibanco voltou a se reunir nesta segunda-feira (15) com a direção do banco para cobrar a reversão das recentes demissões em massa. A informação foi repercutida pelo Investing.com

De acordo com os sindicatos, a instituição financeira estaria utilizando como justificativa um suposto “quebra de confiança” ligada ao desempenho de funcionários em regime remoto.

Segundo o Itaú, os desligamentos foram definidos após uma análise de quatro meses sobre a “atividade digital” dos empregados em home office. O banco afirmou que os casos mais críticos chegavam a registrar apenas 20% de atividade no sistema, mesmo com pedidos de horas extras nos mesmos dias. A instituição considera adequada uma média de 75%, já descontadas pausas e intervalos.

Monitoramento e contestação sindical

Na versão do Itaú, os cortes não se basearam apenas em cliques de mouse ou uso de teclado, mas também em acessos a plataformas corporativas, como videoconferências e cursos online. “Essa decisão faz parte de um processo de gestão responsável e tem como objetivo preservar nossa cultura e a relação de confiança”, declarou o banco em nota oficial.

A COE, por outro lado, classificou a prática como “assédio digital” e destacou que os empregados não tiveram oportunidade de defesa. A presidente da Contraf-CUT, Juvandia Moreira,: “Nunca fomos informados desse tipo de monitoramento e, pior, o banco não deu o direito de contestação, o direito de defesa aos funcionários”. Ela acrescentou: “Na verdade, o banco quer acabar com o teletrabalho e achou uma forma suculenta e desrespeitosa”.

Contexto dos cortes

Em 8 de setembro, mais de mil trabalhadores foram demitidos. Na reunião seguinte, em 9 de setembro, o Itaú se comprometeu a revisar apenas os casos de empregados adoecidos, mantendo os demais desligamentos sob a justificativa de “baixa aderência ao teletrabalho”.

Os sindicatos apontam contradição entre a decisão e os resultados financeiros da instituição, que registrou lucros históricos: R$ 41,4 bilhões em 2024 (alta de 16,2% em relação a 2023), além de R$ 11,1 bilhões no 1º trimestre e R$ 11,5 bilhões no 2º trimestre de 2025. Para as entidades, a ofensiva contra o home office ocorre justamente em um momento de robustez econômica do maior banco privado do país.

Disputa em torno do teletrabalho

O acordo coletivo entre bancários e Itaú prevê apenas controle de jornada e travamento do sistema ao fim do expediente, sem cláusula específica de monitoramento de desempenho remoto. Para os sindicatos, a atual postura da instituição revela uma estratégia de desmonte do teletrabalho. Já o banco sustenta que se trata de medida de gestão necessária para manter a confiança interna.

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