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Após intoxicações por metanol, Ministério da Justiça inicia varredura em fornecimento de bebidas

Governo federal mobiliza órgãos de fiscalização e cobra distribuidoras, bares e supermercados após mortes e dezenas de casos suspeitos de contaminação

Ricardo Lewandowski (Foto: Isaac Amorim/MJSP)

247 – O Ministério da Justiça e Segurança Pública, por meio da Senacon (Secretaria Nacional do Consumidor), deflagrou nesta quinta-feira (2) uma operação emergencial para rastrear a origem dos casos de intoxicação por metanol em bebidas alcoólicas. A informação foi divulgada pela Folha de S.Paulo, que detalhou a mobilização nacional envolvendo órgãos de fiscalização, polícias e associações do setor.

Embora a maior parte das internações e mortes tenha ocorrido em São Paulo, a investigação tem caráter nacional e abrange desde grandes atacadistas até bares de bairro. A Polícia Civil conduz a apuração criminal, enquanto o Ministério da Agricultura (Mapa) atua na fiscalização da produção, rotulagem e padronização das bebidas.

Pressão sobre associações e distribuidoras

Segundo a Folha, foram notificadas entidades nacionais como a Abad (Associação Brasileira de Atacadistas e Distribuidores), a ABBD (Associação Brasileira de Bebidas Destiladas), a ABBA (Associação Brasileira dos Exportadores e Importadores de Alimentos e Bebidas) e a Afabbra (Associação dos Fabricantes de Bebidas do Brasil). Também receberam ofícios entidades regionais, entre elas a Assodibes (Sudeste), o Sincades (Espírito Santo), a Adapa (Pará), a Adarr (Roraima) e o Sicapr (Paraná).

Todas essas organizações foram convocadas a fornecer listas de estabelecimentos suspeitos, fornecedores e demais informações que auxiliem no rastreamento da contaminação. Além disso, grandes distribuidoras e redes de supermercados, sobretudo em São Paulo, receberam notificações diretas para apresentar planilhas detalhadas com marcas, fornecedores, notas fiscais, estoques, condições de armazenamento e formas de comercialização das bebidas.

Bares e restaurantes na mira das autoridades

Ao menos sete bares e restaurantes já foram incluídos na investigação. O objetivo é mapear rapidamente toda a cadeia de fornecimento, cobrindo desde distribuidores até pontos de venda em bairros e cidades do interior. A varredura pretende identificar adulterações e responsabilizar os envolvidos.

Um risco sanitário coletivo

O Ministério da Saúde confirmou uma morte por intoxicação por metanol, além de outras sete sob investigação. Foram registradas 59 notificações de possível contaminação em São Paulo, Pernambuco e no Distrito Federal, sendo 11 casos confirmados e 48 em análise — número que inclui pacientes que já faleceram.

De acordo com a pasta, o Brasil registra em média 20 casos por ano de intoxicação por metanol, normalmente ligados a tentativas de suicídio ou ao consumo do produto por pessoas em situação de vulnerabilidade, como moradores de rua que ingerem combustível pelo teor alcoólico. A gravidade da situação levou o governo federal a instalar uma sala de situação, com participação dos ministérios da Saúde, Justiça e Agricultura, além de representantes do Conass, Conasems, Anvisa e dos governos de São Paulo e Pernambuco.

Monitoramento permanente

O caso agora é tratado como risco sanitário coletivo. A estratégia envolve integração entre esferas federal, estadual e municipal para ampliar a fiscalização e prevenir novos episódios de intoxicação. A expectativa é que, com o levantamento rápido das informações exigidas, seja possível rastrear a rota de adulteração e reforçar as medidas de segurança no setor de bebidas.

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