Anvisa aciona países em busca por antídoto contra intoxicação por metanol
Agência contata órgãos internacionais para garantir o fomepizol, antídoto de referência contra metanol
247 - A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) acionou autoridades de saúde de diferentes países para viabilizar a chegada do fomepizol, considerado o tratamento de referência contra intoxicações por metanol. O objetivo é ampliar as opções terapêuticas em hospitais e oferecer maior segurança nos casos de envenenamento.
Segundo o g1, entre os órgãos contatados estão a FDA, dos Estados Unidos, a EMA, da União Europeia, além de agências de Canadá, Reino Unido, Japão, China, Argentina, México, Suíça e Austrália. O Ministério da Saúde fez um pedido de urgência e, em resposta, a Anvisa publicou um edital internacional para localizar fabricantes e distribuidores com estoque imediato.
Como age o fomepizol
O fomepizol é reconhecido por especialistas como o tratamento mais eficaz contra intoxicações por metanol. Ele atua bloqueando a transformação da substância em metabólitos tóxicos, responsáveis por lesões graves no sistema nervoso e no fígado.
Na falta do antídoto, os serviços de saúde utilizam o etanol farmacêutico, que pode retardar os efeitos do veneno, mas não possui a mesma eficácia nem segurança clínica.
Fiscalizações e mobilização nacional
A corrida por soluções também mobilizou laboratórios brasileiros. Foram acionados o Lacen/DF, o Laboratório Municipal de São Paulo e o Instituto Nacional de Controle de Qualidade em Saúde (INCQS/Fiocruz) para analisar amostras suspeitas de bebidas adulteradas. Paralelamente, a Anvisa atua com vigilâncias sanitárias estaduais e municipais em fiscalizações de bares e estabelecimentos, em diferentes estados do país.
Enquanto o medicamento não chega, a população deve ficar atenta: em caso de suspeita de intoxicação, é necessário acionar imediatamente o Disque-Intoxicação (0800-722-6001), serviço que reúne 13 centros especializados em todo o Brasil.
O perigo invisível do metanol
O metanol é um álcool usado principalmente na indústria química, na produção de solventes e combustíveis. Diferente do etanol, presente nas bebidas alcoólicas comuns, não é seguro para consumo humano.
Sem cheiro, cor ou sabor característicos, ele pode ser adicionado ilegalmente a bebidas, enganando o consumidor. Uma vez ingerido, é metabolizado pelo fígado, transformando-se em substâncias altamente tóxicas, como o ácido fórmico.
Os sintomas da intoxicação aparecem rapidamente: visão borrada, tontura, dor abdominal e respiração acelerada. Em situações graves, pode provocar cegueira irreversível, falência de órgãos e até morte.
Casos em investigação no Brasil
Na última semana, autoridades sanitárias identificaram suspeitas de envenenamento em diferentes estados, envolvendo bebidas alcoólicas adulteradas. O crescimento dos casos levou o Ministério da Saúde a instalar uma Sala de Situação Nacional para articular ações conjuntas com a Anvisa, as vigilâncias estaduais e municipais, além de ministérios da Justiça e da Agricultura.