Alckmin: ‘conversa com Trump foi melhor que esperávamos’
Vice-presidente disse que o presidente dos EUA, Donald Trump, designou seu secretário de Estado, Marco Rubio, como interlocutor para discutir tarifas
247 - O vice-presidente Geraldo Alckmin disse nesta segunda-feira (6) que o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, designou seu secretário de Estado, Marco Rubio, como interlocutor oficial para tratar do tarifaço aplicado ao Brasil. A informação foi divulgada pelo próprio Alckmin, em relato à imprensa sobre a conversa por videoconferência entre Trump e o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
Segundo Alckmin, o diálogo com o mandatário norte-americano foi "muito boa a conversa, melhor do que esperávamos". "O presidente Lula destacou a disposição do Brasil para o diálogo e para a negociação", completou o vice, de acordo com O Globo. Ele ainda afirmou que Lula pontuou que sanções a ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) e o cancelamento de vistos de autoridades brasileiras "deveriam ser rediscutidas".
Próximos passos e possível encontro presencial
Ainda não há previsão para uma nova conversa, mas Alckmin ressaltou que a troca de telefones entre Lula e Trump representa um sinal positivo de abertura ao diálogo. A ligação durou cerca de 30 minutos e ocorreu duas semanas após o encontro na Assembleia Geral da ONU, quando Trump já havia sinalizado que uma reunião bilateral seria marcada.
O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, que participou do encontro virtual, avaliou a conversa como "positiva" do ponto de vista econômico. O diálogo telefônico abre caminho para um possível encontro presencial, que poderia ocorrer na Malásia, durante a cúpula da Associação de Nações do Sudeste Asiático (Asean) no fim do mês. Auxiliares de Lula destacaram a importância de o primeiro contato acontecer em ambiente virtual, antes de avançar para uma reunião face a face.
Restauração de relações bilaterais
Em nota oficial, o governo brasileiro descreveu o contato como "uma oportunidade para a restauração das relações amigáveis de 201 anos entre as duas maiores democracias do Ocidente". O comunicado destacou ainda que o Brasil é um dos três países do G20 com superávit na balança de bens e serviços em relação aos Estados Unidos.
“Química” entre os líderes
O diálogo entre os presidentes começou a ser gestado na ONU, em 23 de setembro, quando Trump elogiou Lula — chamando-o de “um cara muito legal” — e afirmou que ambos haviam combinado uma reunião para discutir a relação bilateral. À época, Trump já havia anunciado um aumento de 50% nas tarifas sobre produtos brasileiros, citando, entre outros motivos, supostas interferências do Judiciário brasileiro contra o ex-presidente Jair Bolsonaro.
Durante o breve encontro na ONU, Trump destacou a rapidez do contato: "Eu estava entrando (para discursar) e o líder do Brasil estava saindo. Eu o vi, ele me viu e nos abraçamos. Combinamos que vamos nos encontrar na próxima semana. Não tivemos muito tempo para conversar, uns 20 segundos. Em retrospecto, que bom que eu esperei, porque isso não tem funcionado bem (o diálogo com Lula), mas conversamos".
O presidente americano enfatizou ainda ter percebido "uma química" entre os dois: "Ele parecia um cara muito legal. Na verdade, ele gostou de mim, eu gostei dele. Eu só faço negócios com pessoas de quem eu gosto. Tivemos ao menos 39 segundos de uma química excelente". Lula, por sua vez, afirmou ter ficado surpreso com o gesto: "Eu fui surpreendido porque eu tinha acabado o meu discurso, eu já estava saindo, ia pegar minhas papeletas e ir embora, quando o Trump veio para o meu lado, sabe? Com uma cara muito simpática, muito agradável, sabe? E eu acho que pintou uma química mesmo".