“A perda do poder hegemônico não se dará pacificamente”, diz Guilherme Estrella

247 – O mundo atravessa um momento histórico de inflexão, em que os alicerces do poder global – até então concentrados no polo hegemonizado pelos Estados Unidos e pelo capital financeiro internacional – estão sendo corroídos pela emergência de novos polos de influência. Para o geólogo Guilherme Estrella, ex-diretor de Exploração e Produção da Petrobras e responsável pela descoberta do pré-sal, no centro desse processo está a energia, especialmente o petróleo.

“A ascensão da China mudou o panorama mundial e colocou em xeque o polo hegemônico, representado pelos Estados Unidos”, afirmou Estrella, em entrevista ao jornalista Leonardo Attuch, editor da TV 247. “E que é o polo do capitalismo financeiro internacional, que sabe o risco que está correndo.”

A disputa pelo controle da energia é, segundo Estrella, a chave para compreender os principais conflitos internacionais atuais. “A transição de poderes nunca se dá de forma pacífica. Isso explica as guerras na Ucrânia e agora o conflito entre Israel e Irã. No fundo de tudo isso, está o domínio da energia e do petróleo.”

Essa nova etapa de reorganização multipolar — marcada por alianças como os BRICS e por uma crescente contestação ao dólar como moeda de referência global — evidencia o desgaste da hegemonia americana. “Hoje, vários países estão se desfazendo das suas reservas em dólar”, aponta Estrella.

“A perda do poder hegemônico não se dará pacificamente. A diplomacia só atua em tempos de paz. O polo ascendente sabe que partir para um confronto agora é arriscado.”

Para o Brasil, o recado é direto: “O Brasil está com um pé em cada canoa, a do polo decadente e a do polo hegemônico, mas essas canoas vão se separar. E não será possível manter um pé em cada canoa. A situação brasileira hoje é extremamente delicada.” Assista: