HOME > Brasil Sustentável

Modelo de financiamento vai beneficiar mais de 70 países na preservação das florestas tropicais

Fundo Florestas Tropicais para Sempre busca levantar até US$ 100 bilhões para remunerar países que mantêm suas florestas preservadas

Mudas de árvore (Foto: Tânia Rêgo/Agência Brasil)

247 - A iniciativa do Brasil, que será uma das principais propostas da COP30, a Conferência do Clima, em Belém (PA), em novembro, visa criar um modelo inovador de financiamento para incentivar a preservação das florestas tropicais. O Fundo Florestas Tropicais para Sempre (TFFF), como detalhado pela ministra do Meio Ambiente e da Mudança do Clima, Marina Silva, será uma estratégia para remunerar os países que mantêm suas florestas intactas, proporcionando uma fonte de recursos para a manutenção dessas áreas vitais para o equilíbrio ambiental.

Em entrevista ao programa A Voz do Brasil na quinta-feira (9), a ministra explicou que, até o momento, o Brasil já possuía mecanismos para incentivar a redução do desmatamento, mas não um sistema de recompensa para aqueles que preservam suas florestas. Segundo ela, "o Fundo Florestas Tropicais para Sempre é o esforço do Brasil, como um dos detentores da maior floresta tropical do planeta, a floresta amazônica, de ajudar os demais países que têm florestas tropicais, são mais de 70 países, a que eles possam ter recursos para manter as suas florestas protegidas".

A proposta é buscar investimentos tanto de governos quanto da iniciativa privada para criar um fundo que distribua recursos entre os países que contribuírem para a preservação das florestas. A expectativa inicial é levantar cerca de US$ 25 bilhões, com o potencial de ultrapassar os US$ 100 bilhões com o engajamento do setor privado. A ideia é utilizar esses recursos para financiar operações que gerem rendimentos, que serão então direcionados para os países comprometidos com a preservação. O modelo prevê que, de cada dólar investido por países desenvolvidos, como Alemanha, Noruega e Reino Unido, quatro dólares venham do setor privado. Esse fundo seria capaz de gerar aproximadamente US$ 4 bilhões por ano, que seriam destinados a compensar aqueles que mantêm as florestas intactas, com 20% desses valores destinados a povos indígenas e comunidades tradicionais.

Além disso, a ministra destacou que o Brasil foi o primeiro país a anunciar um aporte de US$ 1 bilhão (cerca de R$ 5,3 bilhões) para o fundo, durante a Assembleia Geral da ONU, em Nova York. O fundo, conforme explicou Marina, não exige devolução, ou seja, os recursos são oferecidos como uma compensação por manter as florestas em pé.

A adesão ao fundo será aberta aos 71 países que detêm florestas tropicais, sendo que cada um terá que cumprir a condição de manter suas florestas preservadas por um período de 25 a 30 anos. Para garantir que o desmatamento não ocorra, o monitoramento será feito por satélite. Marina Silva ressaltou ainda o sucesso das ações de combate ao desmatamento no Brasil, destacando a redução de 46% no desmatamento na Amazônia e de 32% no restante do país nos últimos dois anos.

Em relação à COP30, a ministra apontou que, além da implementação do fundo, haverá discussões sobre outras pautas urgentes, como a adaptação aos efeitos das mudanças climáticas, incluindo a criação de sistemas para proteger populações afetadas por secas e cheias. A adaptação será um dos principais temas da conferência, que também discutirá a redução de emissões de gases de efeito estufa, com foco no financiamento necessário para alcançar essas metas.

Marina também frisou a importância de se discutir a questão de gênero na agenda climática, já que as mulheres são as mais impactadas pelas mudanças climáticas, e a necessidade de promover ações no setor de energia renovável e combustíveis fósseis, como parte das estratégias globais de redução de emissões.

A COP30, que será realizada em Belém, tem a expectativa de consolidar avanços significativos nas políticas globais de preservação ambiental, além de discutir soluções para os desafios enfrentados por países vulneráveis às mudanças climáticas.

Artigos Relacionados

Carregando anúncios...