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Dal Marcondes defende jornalismo ambiental com foco em economia regenerativa e responsabilidade social

Fundador da Envolverde compartilha lições sobre economia regenerativa e o papel do jornalismo na construção de um futuro sustentável

Dal Marcondes defende jornalismo ambiental com foco em economia regenerativa e responsabilidade social (Foto: Divulgação | Agência Brasil )

Beatriz Bevilaqua, 247 - No episódio desta semana do “Brasil Sustentável”, o jornalista ambiental Dal Marcondes compartilhou sua trajetória de mais de 20 anos cobrindo economia regenerativa e mudanças climáticas. Fundador da Envolverde, Dal combina experiência em jornalismo econômico com uma visão ampla sobre os desafios socioambientais, trazendo exemplos globais de inovação e recuperação ambiental.

A jornada de Dal começou em 1974, aos 18 anos, durante a ditadura militar, quando decidiu não servir ao Exército e partiu para a Amazônia. “Peguei uma mochila e segui para Belém do Pará. Subi a rodovia Belém-Brasília ainda de terra e passei meses viajando entre Belém, Maranhão e Alcântara. Hospedei-me em comunidades locais e em um quilombo. Aquela experiência mudou minha vida. Entrar na floresta amazônica deixa uma marca, pois a quantidade de vida e energia que se percebe é única”, recorda.

Ao retornar a São Paulo, Dal ingressou no jornalismo, atuando em veículos de negócios e sempre conectando a pauta ambiental às matérias econômicas. “Antes, o tema era tratado apenas como relato de desastres. Comecei a abordá-lo de forma científica e econômica, porque a maior parte dos problemas ambientais têm origem em decisões econômicas tomadas em escritórios, que acabam gerando impactos em comunidades e ecossistemas”, explica.

Dal observa que o jornalismo ambiental no Brasil evoluiu aos poucos e somente nos anos 1990 a pauta ganhou relevância científica. “O primeiro veículo a criar uma editoria de meio ambiente foi o diário econômico Gazeta Mercantil. A partir daí, surgiu uma geração de jornalistas especializados em questões ambientais ligadas à economia, política e sociedade. Hoje, muitos migraram para a mídia digital, criando sites e redes de jornalismo socioambiental sofisticadas”, conta.

O jornalista também destaca os desafios da comunicação ambiental: há uma desconexão entre política, sustentabilidade e público. “O jornalismo deve gerar entendimento técnico e empatia, conectando ciência, economia e sociedade”, afirma.

Dal observa avanços expressivos em economia regenerativa, conceito que vai além da sustentabilidade tradicional. “A China não busca apenas transformar ou construir; busca recuperar o que a natureza perdeu e, sobre isso, construir o futuro. Pequim, que antes tinha índices de poluição alarmantes, conseguiu reverter grande parte do problema por meio de planejamento urbano e políticas ambientais rigorosas”, explica.

Para ele, a economia regenerativa envolve mais do que ações isoladas: é uma abordagem que combina urbanismo regenerativo, recuperação de ecossistemas e inovação tecnológica. “O Brasil precisa observar esses modelos e adaptá-los, buscando soluções que promovam equilíbrio entre sociedade e natureza”, avalia.

Além disso, Dal enfatiza a importância de compreender os impactos humanos das decisões econômicas. “Durante décadas, quem cometia crimes ambientais eram trabalhadores contratados, sem ligação com as decisões que geraram o problema. A cobertura ambiental precisa mostrar a cadeia completa de responsabilidade, conectando decisões econômicas a impactos sociais e ambientais”, diz.

Para Dal, o jornalismo ambiental tem papel central na construção do futuro. A pauta deve ser abordada com profundidade científica, econômica e social, e exemplos internacionais, como o da China, servem como referência para o Brasil. “Aprender com modelos globais é essencial para construir um futuro mais humano e ambientalmente consciente”, conclui.

Assista a entrevista na íntegra aqui:

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