Latam vê descarbonização como desafio central para o setor aéreo
CEO global da companhia, Roberto Alvo, destaca potencial do Brasil com o SAF e aposta em frota da Embraer para ampliar mercado
247 - A aviação enfrenta o maior desafio de sua história: reduzir emissões de carbono. Para Roberto Alvo, CEO global da Latam, a descarbonização é o ponto central do setor nos próximos 25 anos. A declaração foi feita durante o encontro da Associação Latino-americana de Transporte Aéreo (Alta), realizado em Lima, no Peru. As informações foram publicadas nesta terça-feira (21) pelo jornal Valor Econômico.
Segundo o executivo, a América Latina ainda não produz combustível sustentável de aviação, o chamado SAF, considerado a principal aposta mundial para diminuir o impacto ambiental da indústria. “É preciso ver a questão do SAF. Não temos uma gota sendo produzida hoje na região [da América Latina]”, disse Alvo ao Valor. O setor aéreo estabeleceu como meta global alcançar emissões líquidas zero de CO₂ até 2050.
Brasil no radar da transição energética
O Brasil é visto como potencial protagonista no desenvolvimento do SAF, principalmente pela experiência acumulada com o etanol. Embora algumas empresas estudem a tecnologia, ainda não há produção efetiva no país. Entre os projetos em andamento está o da Petrobras, que deve lançar em breve um querosene de aviação com coprocessamento de óleos vegetais, inspirado no modelo da mistura de etanol na gasolina.
Outra iniciativa veio da Vibra, que anunciou recentemente a oferta de SAF no mercado doméstico, embora importado da Europa. A Latam, por sua vez, assumiu em 2022 o compromisso de que 5% de seu consumo de combustível virá do SAF até 2030.
Infraestrutura e mercado brasileiro em foco
Além da transição energética, a Latam acompanha de perto a situação da infraestrutura aeroportuária no Brasil. O aeroporto de Congonhas, em São Paulo, é apontado como preocupação central devido à superlotação, que deve se agravar em 2026 com as obras de modernização em andamento.
Apesar dos desafios, o mercado brasileiro é visto com otimismo. “A perspectiva para o mercado doméstico do Brasil é positiva. Estamos muito contentes com o investimento na aeronave da Embraer, que vai abrir espaço para a gente conectar novas cidades onde os jatos menores operam melhor. Sou otimista com o mercado brasileiro no ano que vem”, afirmou Alvo.
Expansão da frota e novas rotas
O entusiasmo da companhia também se reflete nos investimentos em frota. A Latam encomendou até 74 aeronaves E195-E2 da Embraer, sendo 24 pedidos firmes, avaliados em US$ 2,1 bilhões. A definição das rotas deve ocorrer nos próximos seis meses, com prioridade para conexões em São Paulo, Rio de Janeiro, Brasília, Fortaleza e Porto Alegre. A expectativa é que o novo modelo permita abrir 35 novos destinos, a maioria deles no Brasil.
Esse movimento acompanha a expansão do mercado doméstico. De acordo com dados da Associação Internacional de Transporte Aéreo (Iata), a demanda por passageiros no Brasil cresceu 12,7% em agosto, o maior aumento entre todos os mercados monitorados pela entidade.
Resultados financeiros em alta
No campo financeiro, a Latam registrou lucro líquido de US$ 242 milhões no segundo trimestre, um avanço de 66% em relação ao mesmo período de 2024. O desempenho foi impulsionado pelo crescimento de 7,6% no número de passageiros transportados, que somaram 20,6 milhões.


