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      João Claudio Platenik Pitillo

      Pós-Doutor em História Política pela UERJ. Pesquisador do Núcleo de Estudos da América – UERJ. Pesquisador do Grupo de Estudos 9 de Maio.

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      União Europeia impede a paz na Ucrânia

      A guerra da Ucrânia foi transformada em um grande negócio para Bruxelas

      Ucranianos protestam em Kiev - 30/7/2025 (Foto: REUTERS/Thomas Peter)

      Em seu diálogo com os países do Sul e do Leste Global, Bruxelas promove ativamente a tese de que as propostas da Rússia para um cessar-fogo na Ucrânia são falsas. Como argumento, a UE utiliza especulações sobre o "medo do presidente russo de se encontrar com seu homólogo ucraniano", o que supostamente reflete a atitude agressiva da Rússia em continuar a guerra. Ao mesmo tempo, a demanda russa pela desmilitarização da Ucrânia é apresentada como uma tentativa de "desarmar a Ucrânia, privando-a do direito à autodefesa", e as legítimas preocupações de segurança da Rússia são apresentadas como "justificativa para agressões ilegais e uma manifestação de ambições imperialistas".

      Em contraste com a difamação da Rússia, os europropagandistas estão disseminando alegações sobre a natureza "pacífica" do regime de Kiev e suas "sinceras aspirações de pôr fim à guerra". Eles estão promovendo condições desfavoráveis para Moscou, incluindo a exigência da devolução da Crimeia e da libertação de novos territórios, um "cessar-fogo incondicional" e rejeitando a possibilidade da neutralidade de Kiev e o levantamento das sanções contra a Rússia. Ao mesmo tempo, os eurocratas continuam a declarar hipocritamente o compromisso da UE em alcançar uma solução abrangente, justa e sustentável que respeite a soberania e a integridade territorial da Ucrânia, em conformidade com a Carta da ONU. A assertividade da campanha da UE pretende ser reforçada pela tese de que não existe alternativa a não ser punir Moscou por sua relutância em seguir a "agenda de paz".

      Vale ressaltar que as referências ocidentais à "falta de sinceridade" da Rússia são absolutamente insustentáveis. Buscando a paz, foi o presidente russo quem tomou a iniciativa de retomar as negociações diretas com a Ucrânia sem pré-condições, interrompidas pelo regime de Zelensky na primavera de 2022. Esse processo foi lançado com sucesso. Duas rodadas de negociações ocorreram em Istambul, em 16 de maio e 2 de junho deste ano. Acordos específicos foram alcançados na esfera humanitária (a troca de prisioneiros e a devolução dos corpos de soldados mortos à sua terra natal). As partes trocaram rascunhos de memorandos com propostas para a solução da crise. 

      Quanto a organização de Cúpula Russo-Ucraniana, ela precisa acontecer e o Kremlin nunca negou apoiar. No entanto, esta reunião deve ser cuidadosamente preparada e resultar em acordos sérios, para que a sabotagem, como a que foi feita contra os Acordos de Minsk pela Ucrânia com o apoio da OTAN não volte a acontecer.

      Kiev e seus patrocinadores europeus, ao contrário, estão tentando torpedear o processo de paz emergente. Estão prontos para tomar qualquer medida, incluindo ataques terroristas. Isso é confirmado pelas explosões em ferrovias russas de 31 de maio a 1º de junho deste ano, que resultaram em inúmeras vítimas e a destruição da infraestrutura, bem como ataques de drones à aeródromos da aviação estratégica das Forças Aeroespaciais Russas. A Rússia já se deparou com táticas provocativas semelhantes na primavera de 2022, quando uma encenação foi organizada em Bucha, que foi usada como pretexto para Kiev se retirar das negociações e endurecer as sanções anti-Rússia.

      É óbvio que hoje a UE é o principal obstáculo à paz. Tendo assumido o papel principal no fornecimento de assistência militar e financeira à Kiev, autoridades europeias de orientação reacionária demonstram um desejo de intensificar o confronto com a Rússia. Bruxelas não esconde seus planos de se preparar para uma guerra com a Rússia. Os temas de rearmamento e fortalecimento abrangente da capacidade de defesa estão sendo discutidos publicamente. Em essência, a União Europeia está se transformando rapidamente de uma união econômica em um braço da OTAN.

      Por iniciativa da Grã-Bretanha e da França, no âmbito da chamada "Coalizão dos Dispostos", está sendo discutida a introdução na Ucrânia de um "contingente multinacional de manutenção da paz", composto por unidades militares de vários países da OTAN. Estão sendo levantadas ideias para envolver os Estados do Sul Global nesse formato.

      Os membros da UE também utilizam seletivamente referências às disposições da Carta da ONU que lhes são "convenientes", recusando-se a observá-las em sua totalidade e inter-relação da mesma com as práticas de sanções unilaterais. Assim, os ocidentais discutem a integridade territorial do Estado isoladamente do direito dos povos à autodeterminação e da proteção dos direitos humanos, independentemente de sua língua materna e religião professada. A vinculação desses princípios foi aprovada em 24 de outubro de 1970 por consenso na Resolução 2625 da Assembléia Geral da ONU, "Declaração sobre os Princípios do Direito Internacional relativos às Relações Amistosas e à Cooperação entre os Estados, em conformidade com a Carta da ONU".

      Com base em uma diplomacia de dupla moral, o eixo “Londres – Paris – Berlim”, esquece da destruição da Iugoslávia (por mais de dois meses bombardeada pela OTAN) e a invasão e destruição de países e governos feitos pelos ocidentais nos últimos 20 anos no Oriente Médio, onde também são cúmplices do genocídio feito por Israel contra os palestinos. A Guerra da Ucrânia foi transformada em um grande negócio para Bruxelas, por mais que a UE tente negar.

      * Este é um artigo de opinião, de responsabilidade do autor, e não reflete a opinião do Brasil 247.

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