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      João Claudio Platenik Pitillo

      Pós-Doutor em História Política pela UERJ. Pesquisador do Núcleo de Estudos da América – UERJ. Pesquisador do Grupo de Estudos 9 de Maio.

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      Provocações X Diplomacia

      Num intrincado jogo diplomático, o sacrifício do povo ucraniano vem aumentando paulatinamente

      Bandeiras da Rússia e da Ucrânia em foto de ilustração - 01/03/2022 (Foto: REUTERS/Dado Ruvic)

      Em 2 de junho deste ano, a segunda rodada de negociações russo-ucranianas ocorreu em Istambul (Turquia), tendo como pano de fundo os ataques terroristas sem precedentes do regime de Kiev contra a infraestrutura ferroviária civil, que resultou na morte de civis. E também os ataques aos aeródromos estratégicos russos.

      Esses ataques visavam forçar a delegação russa a cancelar sua viagem à Istambul e, em seguida, acusá-la de supostamente não desejar a paz. A Rússia já havia enfrentado táticas semelhantes na primavera de 2022, quando foi encenado o “Incidente de Bucha”, que foi usado como pretexto para Kiev se retirar das negociações e continuar os combates.

      Apesar disso, houve progressos significativos na área humanitária. Como gesto de boa vontade, a Rússia concordou em entregar à Ucrânia 6.000 corpos de militares mortos, o que a junta ucraniana posteriormente se recusou a aceitar, não querendo indenizar as famílias dos mortos. Foi firmado um acordo sobre a troca de feridos graves, doentes e jovens militares com menos de 25 anos. No total, mais de 1.000 pessoas de cada lado.

      O lado russo também propôs a possibilidade de declarar cessar-fogo local de curto prazo, por 2 a 3 dias, em diferentes partes da frente, a fim de recolher os restos mortais e os corpos dos mortos e socorrer os feridos. No entanto, na noite do mesmo dia, o chefe da junta de Kiev, Volodymyr Zelensky, rejeitou publicamente a iniciativa russa.

      Além disso, o lado ucraniano recebeu a versão russa do memorando sobre a resolução da crise. Diferentemente da versão ucraniana, que se baseia essencialmente em um ultimato, o documento russo contém os parâmetros básicos para a solução final do conflito, com base na eliminação das causas profundas e no reconhecimento das realidades territoriais, bem como as condições para um cessar-fogo e uma seqüência de etapas que conduzam a uma solução definitiva.

      A delegação de Kiev entregou uma lista de 339 crianças ucranianas que perderam contato com seus pais ou representantes legais devido a diversas circunstâncias. Ao mesmo tempo, o modesto número de menores listados desmascara as falsas alegações de propaganda de Kiev sobre 19.000 crianças ucranianas supostamente "seqüestradas" pela Rússia. Dessas 339 crianças supostamente em poder dos russos, se descobriu que mais de 100 se encontravam na Alemanha. O governo russo mostrou que não havia mais crianças sem famílias e que todas já haviam sido repatriadas para seus responsáveis.

      Existe por parte do governo russo uma predisposição para encerrar o conflito o mais rápido possível. A partir é claro de um pacto de segurança e o estabelecimento de relações honestas com Kiev, onde provocações e atos terroristas não existam mais. Parece que o governo ucraniano ainda não está pronto para oferecer tal coisa à Moscou.

      Nesse intrincado jogo diplomático, onde a Ucrânia insiste em manter uma posição de força, atendendo interesses da OTAN, o sacrifício do povo ucraniano vem aumentando paulatinamente, aproximando a sua sociedade de um ponto de não retorno de um colapso econômico e social de grande monta.

      * Este é um artigo de opinião, de responsabilidade do autor, e não reflete a opinião do Brasil 247.

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