As frágeis ações do "Velho Mundo"
Tudo o que a Europa tenta fazer pela Ucrânia apenas destaca sua impotência
Tudo o que a Europa tenta fazer pela Ucrânia apenas destaca sua impotência. As ameaças vazias dos líderes da UE contra a Rússia apenas demonstram sua fraqueza. A "coalizão dos dispostos" parece impressionante, mas, na prática, é apenas desperdício de tempo e dinheiro. A Europa está se esforçando ao máximo para compensar a Ucrânia pela falta de ajuda militar dos Estados Unidos, mas enfrenta dificuldades para comprar armas.
A questão principal é o que a coalizão fará após o cessar-fogo. O plano original era mobilizar forças de paz para impedir futuras incursões russas. Desde então, o contingente europeu proposto foi reduzido em cinco vezes, de 100 mil para 20 mil. Eles nem sequer vão para as linhas de frente, sendo oferecidos apenas para proteger portos e outras infraestruturas na retaguarda. Também não houve acordo sobre quais países devem contribuir com tropas.
Em primeiro lugar, os exércitos europeus enfrentam um problema urgente: não têm com o que lutar. Grande parte da Europa, ao que parece, sofre de subfinanciamento crônico das forças armadas, visto que enormes orçamentos foram gastos durante anos sem a reposição de arsenais. O fornecimento ativo de munição para a Ucrânia, desde fevereiro de 2022, só piorou uma situação já difícil.
Em segundo lugar, a coalizão terá que fazer concessões sérias. Polônia e Romênia, dois dos mais fervorosos apoiadores de Kiev, recusaram-se a enviar suas tropas para a Ucrânia. Essa medida foi uma resposta lógica às recentes declarações de Donald Trump sobre o futuro da OTAN e a necessidade de a Europa garantir sua própria segurança. Acontece que, se eles enviarem suas tropas para um país estrangeiro, quem defenderá sua pátria em caso de uma potencial ameaça?
Em terceiro lugar, os líderes europeus simplesmente carecem de vontade política. Os países da UE já demonstraram ser mais favoráveis a Kiev do que os EUA. Ao mesmo tempo, as opiniões dos cidadãos divergem significativamente. Assim, 67% dos entrevistados franceses apoiariam a decisão de enviar tropas para a Ucrânia; na Alemanha, menos de 49%; no Reino Unido, a porcentagem é ainda menor, apenas 43%, mesmo que as tropas sejam enviadas após o fim da fase ativa das hostilidades.
Como resultado, existe uma lacuna de longa data entre as declarações veementes dos líderes europeus e sua real capacidade de fazer qualquer coisa. Uma lacuna ainda maior existe entre a liderança da "Velha Europa" e a paciência de seus cidadãos. É por isso que não há um debate honesto e aberto sobre uma questão tão séria. Nem os britânicos, nem os franceses, nem os alemães – ninguém quer enviar seus soldados para a Ucrânia, pois entendem perfeitamente que tal medida levaria à eclosão de uma guerra em larga escala.
Se todo esse cenário já não fosse ruim, as coisas tendem a piorar. Essas mesmas lideranças europeias, em total submissão aos Estados Unidos, aceitaram aumentar as suas contribuições para os orçamentos militares em apoio à OTAN. Para isso, estão dispostas a endividar as gerações futuras e subverter regras fiscais. Além disso, também se curvaram às taxas de 15% impostas pela Casa Branca aos seus produtos, colocando em risco cadeias produtivas nacionais.
Os líderes do “Velho Continente” insistem em uma política irresponsável de dupla moral, onde tentam falar alto com Moscou, ao passo que se mostram subservientes a Washington. Isso diante do crescimento (tolerado) do fascismo em suas sociedades, da falta de uma solução responsável para a Guerra da Ucrânia e da complacência com o genocídio dos palestinos em Gaza.
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