Trump vs. Brasil: quando as tarifas revelam a nossa colonialidade econômica
Primeiro de agosto está aí. O relógio da soberania brasileira bate em contagem regressiva
A ameaça de tarifas de 50% sobre produtos brasileiros exportados para os Estados Unidos (EUA), anunciada por Donald Trump em julho de 2025, consolidou-se como o maior desafio comercial do governo Lula. O impacto manifesta-se da Indústria de alta tecnologia ao Agronegócio
Setores em Colapso vs. Commodities Resilientes
A Embraer, com “60% das receitas vinculadas à América do Norte”, enfrenta risco de queda de 46% nas vendas. Autopeças e eletrônicos (como a Weg) também sofrem, com possível "espiral de custos" por dependência de insumos norte-americanos.
O setor produtor de suco de laranja, com 41,7% das exportações destinadas aos EUA, alerta para "condição insustentável" e paralisações.
O agronegócio bolsonarista, cafezal em Minas, gado no Mato Grosso, soja, carne bovina se sente apunhalado pelas costas pelo amigo da família Bolsonaro, pelo apoio dado à sua campanha para presidente dos Estados Unidos e pelas comemorações de sua vitória com bonés ridículos estampando “MAGA” como o fez o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas.
A China já absorve “84% das commodities brasileiras”, mas impõe redução de preços devido ao excesso de oferta global. Não é caridade, é “business”.
A China como Ator Geopolítico
Em resposta às tarifas, Pequim emitiu crítica formal. “Tarifas não devem ser ferramentas de coerção. Soberania e não interferência são princípios da ONU" se pronunciou Mao Ning, porta-voz do Ministério das Relações Exteriores da China).
Apesar do apoio retórico, a prática comercial chinesa mantém limites:
- 40% das exportações brasileiras para China são soja; manufaturados representam menos de 2%.
- Pequim sinalizou absorção parcial de excedentes de petróleo, mas por "razões geopolíticas, não econômicas".
A Bomba Política de Trump
A medida foi justificada como retaliação à "caça às bruxas" contra Bolsonaro, mas gerou efeitos inesperados:
- União nacional: críticos de Lula, como o senador Alessandro Vieira (centro), repudiaram a "agressão à soberania".
- Fratura na direita: Estados agrícolas (base bolsonarista) pressionam por acordo, temendo perdas. Senadores como Vanderlan Cardoso (PP-GO) já articulam o “PL do Perdão”, anistiar Bolsonaro para aplacar Trump.
- Discussão sobre a minerais críticos e terras raras, objetos de ambição do Imperador Trump, uma vez que são cruciais para a produção de alta tecnologia, incluindo supercondutores, imãs, componentes para smartphones, turbinas eólicas e veículos elétricos.
- Reviravolta para Lula: Aproveitando o nacionalismo, o governo ameaça reciprocidade ("Lei de Retaliação") e acelera negociações com o BRICS.
Soberania ou Submissão?
A crise expôs a vulnerabilidade do modelo brasileiro. Exportamos ferro e importamos drones; vendemos soja e compramos algoritmos.
Enquanto Trump usa tarifas para defender interesses domésticos e forma de vingança ("America First"), e China manipula commodities para ganhos geopolíticos, o Brasil precisa escolher entre continuar como "supermercado global" de recursos primários, ou usar o conflito para diversificar parcerias e reindustrializar-se.
China e Estados Unidos brigam por hegemonia, o Brasil chora pela Embraer desmontada; reza para a China comprar mais minério e debate se rende-se a Trump.
Primeiro de agosto está aí. O relógio da soberania brasileira bate em contagem regressiva.
* Este é um artigo de opinião, de responsabilidade do autor, e não reflete a opinião do Brasil 247.
❗ Se você tem algum posicionamento a acrescentar nesta matéria ou alguma correção a fazer, entre em contato com [email protected].
✅ Receba as notícias do Brasil 247 e da TV 247 no Telegram do 247 e no canal do 247 no WhatsApp.
Assine o 247, apoie por Pix, inscreva-se na TV 247, no canal Cortes 247 e assista: