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José Reinaldo Carvalho

Jornalista, editor internacional do Brasil 247 e da página Resistência: http://www.resistencia.cc

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Tarifaço de Trump inaugura nova etapa da luta pela soberania nacional

Contra o imperialismo e a subserviência: tarifaço de Trump exige resposta à altura e inaugura nova etapa da luta pela soberania e emancipação total do Brasil

Presidente Luiz Inácio Lula da Silva (Foto: Ricardo Stuckert/PR)

José Reinaldo Carvalho - O anúncio das novas tarifas unilaterais impostas pelo presidente estadunidense Donald Trump contra o Brasil marca um momento decisivo e dramático nas relações internacionais do País — e, mais do que isso, inaugura uma nova etapa na luta histórica do povo brasileiro por sua completa emancipação nacional. A gravidade do episódio não permite tergiversações. Trata-se de um ato de agressão direta, uma ofensiva econômica, uma guerra comercial declarada contra o Brasil, com objetivos geopolíticos claros: submeter nossa soberania, enfraquecer nossa economia e sabotar qualquer projeto nacional de desenvolvimento autônomo.

Com justa razão, manifesta-se a indignação de amplos setores patrióticos, democráticos e progressistas do país. O Brasil não aceita sanções, primeiro porque não se submete, como asseverou, com postura altaneira, o presidente da República Luiz Inácio Lula da Silva. E rechaça as razões invocadas pelo inquilino da Casa Branca, que se arvora em juiz sobre o que convém ou não ao exercício das prerrogativas constitucionais dos Poderes republicanos brasileiros. Bolsonaro e sua caterva de golpistas serão julgados e poderão ser severamente condenados quer queira ou não seu suserano norte-americano. É preciso também enfatizar que a guerra comercial desencadeada fere os princípios e normas internacionais. O pressuposto para resolver qualquer diferendo entre Estados nacionais é o diálogo, não a coerção, o supremacismo, o exclusivismo e ordens imperiais. Para dirimir conflitos é que existem o direito internacional e as instâncias cujo mister é o exercício do multilateralismo. 

É fundamental compreender o contexto mais amplo em que esta medida se insere. Não é um ato isolado, mas parte de uma política sistemática de "pressão máxima" que os Estados Unidos têm adotado para conter a ascensão do Sul Global. A tarifa imposta ao Brasil — país-chave no BRICS e na organização de um mundo multipolar — é uma retaliação direta ao êxito da recente Cúpula do BRICS no Rio de Janeiro, que reafirmou o compromisso das nações emergentes com a construção de uma nova ordem internacional, baseada no respeito mútuo, na cooperação solidária e no multilateralismo genuíno.

A mensagem de Trump é clara: para ele, o fortalecimento do BRICS e de qualquer alternativa ao domínio absoluto dos EUA é inaceitável. Daí o gesto brutal. Daí o ataque. Daí a tentativa de sufocar economicamente quem ousa resistir a ditames e lutar por plena soberania.

Mas o gesto de Trump também expõe algo ainda mais profundo: a decadência do imperialismo norte-americano, que já não consegue sustentar- se, a não ser pela força, pela chantagem e pelo revanchismo. Quando o imperialismo estadunidense lança mão de tarifas unilaterais, sanções, bloqueios e ameaças, ele confessa sua falência como centro dirigente do mundo. Seus métodos de imposição, que outrora encontravam eco na chamada “comunidade internacional”, hoje geram crescente repulsa global.

Nesse cenário, os patriotas devem fazer uma denúncia urgente e demonstrar que o concubinato do bolsonarismo com o trumpismo pode causar danos irreversíveis ao Brasil. A aliança entre Trump e Bolsonaro — cuja herança ideológica e política ainda contamina partes do aparelho de Estado — está na base dessa nova agressão. Essa união entre extremistas de direita representa um pacto antinacional, que sacrifica o interesse do povo brasileiro em nome da subordinação cega aos desígnios do imperialismo. A crítica à "aliança espúria entre Donald Trump e o bolsonarismo" não deve ser apenas retórica, mas um alerta necessário sobre os riscos que corremos. Não devemos iludir como se fôssemos um gigante deitado em berço esplêndido, imunes a agressões externas. 

A resposta, portanto, não pode ser tímida, muito menos protocolar. O momento exige envergadura histórica. O Brasil precisa fazer ecoar, nacional e internacionalmente, sua recusa ao ditame de Trump. É hora de unidade ampla, democrática, patriótica e popular, em torno de um projeto de reconstrução nacional, que defenda o desenvolvimento com soberania, reindustrialização com inclusão, cooperação com independência e direitos para o povo. É hora de unir todas as forças democráticas, progressistas e anti-imperialistas numa frente única ampla em defesa do país, de seu povo e de seu futuro.

Não se trata apenas de responder a uma medida econômica. Trata-se de compreender que o tarifaço é um divisor de águas. Ele revela que o Brasil não pode mais se iludir com um sistema internacional dominado pelo hegemonismo norte-americano. Mostra que, para avançar no desenvolvimento, será preciso romper amarras. Que a luta contra as sanções é, na essência, a luta pelo direito de existir como nação independente.

O povo brasileiro — que já enfrentou ditaduras, dominação colonial e  neocolonialista e golpes de todo tipo — tem uma longa história de resistência. E é essa força que precisamos convocar neste novo ciclo. Um ciclo de enfrentamento à dominação externa, de combate à herança submissa do bolsonarismo e de mobilização popular por transformações profundas na sociedade brasileira.

É neste marco que a ofensiva de Trump deve ser enfrentada. Não como um episódio isolado, mas como o estopim de uma grande virada histórica. O tarifaço deve ser o catalisador de uma nova etapa de nossa luta, a luta pela emancipação plena do Brasil — econômica, política, tecnológica e cultural.

Em nome da soberania nacional, do desenvolvimento, da justiça social e da paz entre os povos, o Brasil deve erguer-se, ao lado dos demais países do Sul Global, como protagonista ativo da nova ordem que está nascendo.

A luta nos convoca. E o povo brasileiro, como tantas vezes provou, saberá responder à altura do desafio.

* Este é um artigo de opinião, de responsabilidade do autor, e não reflete a opinião do Brasil 247.

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