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Eduardo Guimarães

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Se María Corina Machado é campeã da paz, eu sou Ghandi

'Contribuiu escandalosamente para solapar a democracia venezuelana', escreve o colunista Eduardo Guimarães sobre a opositora do chavismo

María Corina Machado (Foto: Leonardo Fernandez Viloria/Reuters)

A escolha de María Corina Machado para ser laureada com o Nobel da Paz é um insulto à memória de Alfred Nobel, que, em seu testamento deixado em 1895 com o objetivo de recompensar contribuições excepcionais à humanidade em áreas como ciência, literatura e paz, criou o Prêmio.

María Corina Machado se envolveu até o pescoço nos eventos do golpe de Estado de abril de 2002 contra o então presidente Hugo Raphael Chávez Frías. Durante o breve período em que os golpistas controlaram o Palácio de Miraflores, assinou o chamado "Decreto Carmona" (ou Ata de Constituição do Governo de Transição Democrática e Unidade Nacional), documento que proclamava um governo dito "transitório" e dissolvia os poderes públicos da República Venezuelana.

Essa assinatura a colocou entre os opositores de Chávez que endossaram e compactuaram publicamente com a derrubada do presidente legitimamente eleito pelo maioria dos venezuelanos e com o fechamento do Congresso e dissolução da cúpula do Poder Judiciário sob Decreto de Pedro Carmona Estanga, presidente da Fiesp venezuelana, a Fedecámaras, que se proclamou “presidente da Venezuela”.

Para que não reste dúvida seguem trechos do decreto infame de Pedro Carmona Estanga:

•  Suspensão da Assembleia Nacional (Congresso): No Artigo 3º, "Se suspende de sus cargos a los diputados principales y suplentes a la Asamblea Nacional. Se convoca la celebración de elecciones legislativas nacionales a más tardar para el mes de diciembre de 2002 para elegir a los miembros del Poder Legislativo Nacional, el cual tendrá facultades constituyentes para la reforma general de la Constitución de 1999." 

•  Destituição de líderes do Judiciário e outros órgãos: No Artigo 8º, "Se decreta la reorganización de los poderes públicos y se destituyen de sus cargos al presidente y demás magistrados del Tribunal Supremo de Justicia, así como al Fiscal General de la República, al Contralor General de la República, al Defensor del Pueblo y a los miembros del Consejo Nacional Electoral".

A imprensa corporativa brasileira afirma que a Academia deu esse Prêmio da Paz à defesa da democracia. Que bela "defesa da democracia"; premiam alguém que contribuiu escandalosamente para solapar a democracia venezuelana e, hoje, posa de pacifista. 

Se María Corina Machado é campeã da paz, vou passar a me autoproclamar Mahatma Ghandi

* Este é um artigo de opinião, de responsabilidade do autor, e não reflete a opinião do Brasil 247.

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