Respeitem o Nordeste!
Quem fez da resistência sua história não tolera intolerância
Para início da conversa, gostaria de lembrar que nordestinas e nordestinos, antes de tudo, têm punhos fortes, forjados na labuta e na luta por justiça social e pela democracia. Conhecemos os inimigos da democracia. Eles têm como prática a disseminação da mentira, a discriminação regional, de classe, racial, entre outras, o insulto e a mitificação de falsos patriotas.
Recentemente, Michelle Bolsonaro, num evento em Natal/RN, insultou o Presidente Lula com impropérios e plantou várias mentiras contra seu governo, tão graves que essa senhora deveria ser levada ao tribunal para provar o que disse e, evidentemente, pagar pelos crimes de injúria e difamação assacados contra o Presidente da República.
Ao desrespeitar o Presidente Lula, essa senhora e sua horda de golpistas ofenderam todas as nordestinas e nordestinos, por ele ser um dos nossos conterrâneos, que optaram por governos progressistas da região, gente que luta pela democracia e pelos direitos humanos. Para nós, nordestinos e nordestinas, a democracia é feita de valores sublimes, é chão firme onde floresce a dignidade.
A história é testemunha de que o Brasil é filho também do Nordeste, das lutas do nosso povo pela independência, contra a escravidão, pela República e pela democracia até se tornar uma potência política, econômica e cultural, regional, de alto relevo na formação da nação brasileira.
Foram muitas lutas e revoluções de libertação travadas desde tempos coloniais, citaria apenas algumas: Guerra da Independência na Bahia, que expulsou as tropas portuguesas em 2 de julho de 1823; Revolução Pernambucana, em 1817, e a Revolução Praieira (1848-1850), em Pernambuco; a luta contra a escravidão, em Alagoas, liderada por Zumbi dos Palmares; a Batalha do Jenipapo, no Piauí, travada pela aliança do Maranhão, Piauí e Ceará contra o império português; a luta que garantiu a proclamação da independência do Crato em 1817, a adesão à Confederação do Equador em 1824, lutas que demonstram a força da participação cearense no processo de independência do Brasil. E mais, o Ceará foi o primeiro estado a abolir a escravidão.
Entre ventos de canaviais e maresia, entre sertões agrestes e cidades do litoral, o povo nordestino aprendeu cedo que sobreviver é, antes de tudo, resistir. Desde então, essa região pulsa no país não apenas a memória da origem do Brasil soberano, republicano e democrático, mas a promessa de futuro próspero e feliz.
Há quem ainda insista em reduzir o Nordeste a caricaturas de atraso. Mas não há atraso em quem fez da adversidade uma escola de solidariedade, uma lição de superação da desigualdade, um chamado à luta coletiva.
Foi assim em 2022, quando o país se viu diante da encruzilhada da intolerância e do autoritarismo. Enquanto o ódio tentava se impor como destino, o Nordeste ergueu-se como muralha, dando a Lula 69% de seus votos — não como simples adesão política, mas como recado claro de que democracia não se negocia. Diante de manobras que tentaram impedir o direito ao voto, a região respondeu com uma votação extraordinária no Presidente Lula.
Há de se respeitar a presença política, econômica e cultural do Nordeste, pois o Brasil só se torna inteiro quando escuta sua origem, sua história. E se o Nordeste hoje é guardião da democracia, é porque soube, com sua gente, ensinar ao país que liberdade não é dádiva: é conquista, é resistência, é chama que se mantém acesa mesmo nos tempos mais sombrios.
O Brasil será maior, mais justo e mais humano, sempre que aprender com o Nordeste que a democracia é um verbo coletivo, que a luta por liberdade e justiça é o que move o povo nordestino na construção da sociedade fraterna, solidária e próspera que sonhamos.
À senhora Michelle Bolsonaro e sua horda de golpistas, que insultaram o Presidente Lula com injúrias, difamações e mentiras, exijo respeito ao Nordeste!
* Este é um artigo de opinião, de responsabilidade do autor, e não reflete a opinião do Brasil 247.