PT vê Tarcísio como candidato do golpe

O PT acusa o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), de se consolidar como o “candidato do golpe” ao articular nos bastidores uma anistia ampla aos réus do 8 de janeiro e herdar a vaga do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) na disputa de 2026.

Para os petistas, a tentativa de golpe não terminou com a invasão do Congresso, mas prossegue com a ofensiva política que une setores da direita no Parlamento.

A comunidade do Blog do Esmael já tinha ouvido de Bolsonaro, em entrevista exclusiva em fevereiro de 2024, que seu candidato seria Tarcísio. Na ocasião, o ex-presidente declarou que apoiaria o governador paulista contra Luiz Inácio Lula da Silva (PT).

A antecipação do julgamento de Bolsonaro para o segundo semestre de 2025, abre caminho para que Tarcísio mantenha sua posição como favorito do bolsonarismo, antes prazo fatal para desincompatibilização do governo paulista em abril 2026.

Ou seja, tacitamente, o STF ajuda no esforço bolsonarista “sem Bolsonaro” para a candidatura de Tarcísio ao Palácio do Planalto. No entanto, há ainda entraves operacionais que podem decorrer de uma eventual condenação do ex-presidente.

Nos corredores do Congresso, líderes de União Brasil, PP, Republicanos e PSD pressionam pela anistia. A proposta deve ser pautada duas semanas após o fim do julgamento no STF.

Tarcísio e aliados como o pastor Silas Malafaia intensificaram reuniões em Brasília. O presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), reconheceu o aumento da pressão de partidos da base bolsonarista.

No Senado, Davi Alcolumbre (União-AP) se posicionou contra a anistia a Bolsonaro, mas admitiu discutir penas mais brandas para participantes dos atos.

Já Lindbergh Farias (PT-RJ) criticou duramente a movimentação. “É um grave erro qualquer discussão de anistia”, disse. Para Humberto Costa (PT-PE), há uma articulação explícita para “salvar criminosos que tentaram golpear a democracia.”

A reação petista se espalhou nas redes. Lindbergh, Humberto e o presidente nacional do PT, Edinho Silva, alertaram que a banalização de crimes contra a democracia abre precedentes para novos atentados contra o Estado de Direito.

Enquanto isso, ministros do STF foram claros ao rejeitar qualquer hipótese de anistia. Dias Toffoli afirmou que crimes contra a ordem constitucional são inafiançáveis e imprescritíveis. Alexandre de Moraes destacou que não cabe indulto coletivo para golpistas.

Luiz Fux reforçou que tais crimes não podem ser perdoados, pois a democracia é cláusula pétrea. Gilmar Mendes citou Lenio Streck para lembrar que o direito impõe limites implícitos contra abusos de poder. Cármen Lúcia resumiu: “O Estado de Direito é uma fortaleza contra o arbítrio.”

A Corte já havia derrubado, em 2022, o indulto concedido por Bolsonaro ao ex-deputado Daniel Silveira (PL-RJ). O precedente deixa claro que, mesmo que o Congresso aprove a anistia, o STF deve barrar a medida.

Para o PT, Tarcísio deixou de lado a imagem de gestor técnico e assumiu o papel de porta-voz da extrema direita. Ao defender a anistia, aposta em agradar ao eleitorado bolsonarista, mas carrega o estigma de conspirador.

“Tarcísio consolidou sua candidatura para presidente”, disse Lindbergh. A avaliação petista é que a direita tenta montar uma frente ampla contra Lula em 2026, apostando que o presidente não buscará a reeleição.

A estratégia pode render aplausos dentro do bolsonarismo, mas marca Tarcísio como o “candidato do golpe”. Cabe às instituições e à sociedade civil impedir que um projeto autoritário volte a rondar o Palácio do Planalto.