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Miguel do Rosário

Jornalista e editor do blog O Cafezinho. Nasceu em 1975, no Rio de Janeiro, onde vive e trabalha até hoje

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Petro faz discurso histórico contra o fascismo imperialista dos EUA e Israel

Presidente colombiano defende Palestina, critica hipocrisia europeia e cobra ação imediata contra genocídio em Gaza

Gustavo Petro (Foto: Reprodução (YT/Gov.Colômbia))

Não é apenas o discurso de Lula que merece atenção daqueles que se preocupam genuinamente com os direitos humanos, a defesa da democracia, o combate ao fascismo e a crise climática.

O presidente da Colômbia, Gustavo Petro, fez uma denúncia antológica na Assembleia Geral da ONU, em 23 de setembro de 2025, contra a violência imperialista praticada pelos Estados Unidos e Israel, sustentada pelo silêncio cúmplice, covarde e cínico de seus aliados no Norte Global.

Petro citou nominalmente Donald Trump, ex-presidente americano, e a atual administração da Casa Branca, acusando-os de promover uma política anti-imigração de viés abertamente fascista. Para ele, a única forma humanista e eficaz de lidar com a questão migratória é garantir que os povos possam viver com dignidade em seus países, sem fome e sem expulsão forçada. “É uma besta aquele que escraviza, coloca correntes em migrantes, lança mísseis sobre jovens e massacra com mísseis meninos e meninas em um povoado muito perto de onde nasceu Jesus”, disse, em um dos trechos mais fortes de sua fala.

Foi igualmente uma denúncia frontal contra a hipocrisia europeia diante da escalada fascista vinda dos Estados Unidos. O silêncio das lideranças do Norte Global diante da barbárie, negacionista em relação ao meio ambiente e cúmplice na repressão contra migrantes, foi descrito por Petro como um sintoma de decadência moral. Ele ironizou o fato de que descendentes de povos que derrotaram Hitler agora repetem seus métodos, construindo campos de concentração e tratando migrantes como “terroristas e inferiores”.

No discurso, Petro lembrou ainda que o seu governo é o que mais combateu o narcotráfico na história recente da Colômbia. Disse que foram apreendidas quantidades recordes de drogas e desarticuladas redes de tráfico. E apontou a contradição: políticos da direita colombiana, historicamente envolvidos com cartéis, protegidos e aliados da elite política dos Estados Unidos, nunca foram incomodados. “A maioria dos narcotraficantes é loira, de olhos azuis, e guarda suas enormes fortunas nos maiores bancos do mundo”, afirmou.

Petro também voltou-se contra o genocídio em Gaza, declarando que a diplomacia fracassou e que a ONU deve agir imediatamente. Defendeu que a Assembleia Geral, e não o Conselho de Segurança, decida sobre a criação de uma força internacional para proteger a população palestina. E arrematou: “É a hora da espada, da liberdade ou morte, como dizia Bolívar”, ao pedir que exércitos de várias regiões do mundo unam-se em defesa da Palestina.

Outro ponto central foi a formulação de uma política internacional guiada pela humanidade como sujeito político, para além das fronteiras nacionais, rumo a uma ordem democrática planetária capaz de enfrentar a crise climática e frear a tirania global. Nesse trecho, Petro evocou inclusive as palavras de Mao Zedong: “a humanidade deve se unir ou perecer”. A citação reforçou a ideia de que o desafio é civilizacional e que a coordenação mundial é condição de sobrevivência.

O presidente colombiano também ressaltou o potencial da América Latina para oferecer alternativas energéticas limpas aos Estados Unidos. Destacou a abundância de recursos como energia solar, eólica e hidrelétrica, além da capacidade única de absorção de carbono das florestas amazônicas. Para ele, esse é o caminho que pode substituir de forma real o consumo de combustíveis fósseis e reduzir drasticamente as emissões de carbono no planeta.

O discurso inteiro entrou para o rol das grandes manifestações de lideranças latino-americanas — de Fidel Castro, Che Guevara e Hugo Chávez a Lula —, reafirmando a tradição regional de produzir vozes claras, fortes e intelectualmente rigorosas, capazes de refletir os grandes desafios da humanidade. Como arremate, Petro encerrou com um chamado poético à liberdade e à ação coletiva:

“A humanidade é o novo sujeito político que aparece, não o Estado-nação. Uma humanidade unida e livre pode olhar as estrelas e alcançá-las — ad astra. Sempre é a hora da liberdade ou da morte. É real a morte sob os mísseis; também é real a liberdade no coração humano e sua capacidade de união, de rebelião e de existência.”

Assista à íntegra no vídeo legendado, com exclusividade, pelo Cafezinho:

* Este é um artigo de opinião, de responsabilidade do autor, e não reflete a opinião do Brasil 247.

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