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José Reinaldo Carvalho

Jornalista, editor internacional do Brasil 247 e da página Resistência: http://www.resistencia.cc

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O valor da paz e da Iniciativa de Governança Global no mundo multipolar

Encontro internacional na China reforça a importância da nova governança global frente ao avanço da lógica hegemônica e às ameaças de novos conflitos

A proposta do Presidente Xi simboliza a possibilidade de uma política global orientada pela paz e o multilateralismo genuíno (Foto: Mídia chinesa)

Por José Reinaldo Carvalho - A China sediou na sexta-feira passada, 26 de setembro, uma importante atividade internacionalista, no quadro das comemorações do 80º aniversário da Vitória Nacional na Guerra de Resistência contra a Ocupação japonesa e na Guerra Mundial Antifascista. O evento, promovido pela CPAPD (Associação do Povo Chinês pela Paz e o Desarmamento) contou com a presença de numerosa representação de todas as regiões do mundo e foi reconhecido como um marco de grande relevância histórica, não apenas pelas reflexões propostas, mas também pela mensagem de esperança e fraternidade que projeta para toda a humanidade.

Do Brasil participou o Cebrapaz (Centro Brasileiro de Solidariedade aos Povos e Luta pela Paz), que transmitiu aos anfitriões a alegria de compartilhar uma ação política e ideologicamente bem orientada e inspirada nos elevados ideais da paz e cooperação internacional. Uma iniciativa deste tipo é um ato de resistência a políticas belicistas, isolacionistas e unilaterais prevalecentes nas potências imperialistas que pretendem hegemonizar o mundo, e uma mensagem de que é possível construir pontes para a paz por meio da cooperação internacional e da nova governança global, como anunciado pelo Presidente Xi Jinping durante a cúpula da Organização de Cooperação de Xangai no início de setembro. 

Mudanças aceleradas e novas ameaças

Vivemos um século de transformações profundas e aceleradas, marcadas tanto pela revolução tecnológica quanto pela reconfiguração das relações de poder no mundo. Contudo, ao mesmo tempo em que a ciência e a tecnologia impulsionam possibilidades inéditas, o planeta convive com turbulências que ameaçam a própria sobrevivência da humanidade. 

Cresce a percepção de que estamos diante de uma guerra global, que se manifesta em diferentes frentes: nas disputas geoestratégicas provocadas por potências imperialistas, nos conflitos regionais alimentados por interesses externos e na imposição de políticas hegemônicas que restringem a soberania das nações. Este ambiente alimenta um clima de insegurança que atravessa fronteiras e atinge, direta ou indiretamente, milhões de pessoas. 

Os últimos anos têm revelado um padrão de comportamento preocupante por parte das potências imperialistas: o uso de sanções unilaterais como forma de pressão política, bloqueios econômicos que asfixiam povos inteiros e intervenções diretas ou indiretas que violam a autodeterminação de países soberanos. Esse unilateralismo, cada vez mais recorrente, fere os princípios do direito internacional e enfraquece os mecanismos multilaterais concebidos justamente para preservar a paz.

É neste cenário que ganha centralidade o debate sobre a construção de um mundo multipolar. Para o Cebrapaz e diversas organizações internacionais que se reúnem em eventos como o promovido pela CPAPD, a multipolaridade não é apenas uma opção política ou ideológica, mas uma realidade objetiva correspondente a uma necessidade histórica. 

Um mundo multipolar permite que cada nação, independentemente de seu tamanho ou poder econômico, exerça sua soberania em condições de igualdade. Ao contrário da lógica hegemônica que impõe regras de cima para baixo, a multipolaridade propõe relações equilibradas, baseadas na cooperação, no respeito mútuo e na valorização da diversidade de modelos de desenvolvimento. 

O fortalecimento de instituições multilaterais é considerado um passo essencial para enfrentar os grandes desafios globais: da pobreza estrutural que persiste em diferentes regiões às crises humanitárias causadas por guerras, genocídios, como o perpetrado pelo estado israelense contra o povo palestino, e desastres, passando pelas mudanças climáticas que afetam o planeta como um todo. Apenas em um ambiente internacional pautado pela cooperação e pelo diálogo será possível construir respostas conjuntas a problemas de dimensão global.

A paz como imperativo ético e civilizatório

Segundo a visão do Cebrapaz, a luta pela paz não deve ser vista apenas como bandeira política, mas como um imperativo ético, humanista e civilizatório. A paz é a condição fundamental para que sociedades possam florescer em sua plenitude, promovendo justiça social, igualdade e desenvolvimento sustentável. 

Nesse sentido, defender a paz implica também defender a autodeterminação dos povos, rejeitar toda forma de ingerência externa e reafirmar que o futuro da humanidade não pode ser decidido pela imposição da força, mas pelo diálogo e a construção coletiva de consensos.

O valor da paz se relaciona diretamente com a possibilidade de os povos desenvolverem plenamente suas potencialidades. Sem ela, projetos de desenvolvimento são permanentemente ameaçados, sociedades vivem sob o risco de regressões brutais e gerações inteiras têm suas vidas comprometidas pela violência.

O papel da China no cenário internacional

Em meio a esse quadro global marcado por tensões, a China surge como um ator central ao propor alternativas concretas ao modelo hegemônico dominante. Sob a liderança do presidente Xi Jinping, o país apresentou um conjunto de iniciativas que buscam orientar a governança global para uma perspectiva de cooperação e desenvolvimento conjunto.

Entre essas propostas estão a Iniciativa Global de Desenvolvimento, a Iniciativa de Segurança Global, a Iniciativa de Civilização Global e agora a  Iniciativa de Governança Global. São diretrizes estratégicas que indicam caminhos possíveis para enfrentar os dilemas do século XXI de maneira colaborativa.

Ao priorizar a cooperação em áreas diversas - do desenvolvimento compartilhado à segurança coletiva, passando pela valorização da diversidade cultural e pelo fortalecimento das instituições multilaterais - a China demonstra que é possível vislumbrar uma ordem internacional mais justa e inclusiva, em contraponto às políticas de bloqueio, competição e confronto que ainda predominam em setores da política internacional.

As celebrações do 80º aniversário do triunfo do povo chinês na Guerra contra a Ocupação japonesa e na Segunda Guerra Mundial Antifascista, realizadas na China com ampla participação de representantes internacionais, reforçaram o simbolismo da luta por um futuro de solidariedade e cooperação. O Cebrapaz destacou que cada lição aprendida no encontro e cada gesto de fraternidade trocado entre os povos fortalece a convicção de que a paz prevalecerá. 

Esta confiança se baseia na leitura histórica de que o imperialismo e suas políticas de dominação não são eternos. O que se observa é que, ao longo da história, sistemas baseados na opressão e no desequilíbrio acabam sendo superados pela força da resistência popular e pelo movimento coletivo em direção à justiça e à cooperação. 

Um futuro comum de cooperação e desenvolvimento

Por isso, o Cebrapaz reafirmou sua convicção de que a paz, fundada no anti-imperialismo, respeito ao direito internacional e na união entre os povos, não apenas é possível, mas se apresenta como destino inevitável. O imperialismo, mesmo com suas imposições atuais, será derrotado pela força da história e pela determinação dos povos que lutam por soberania, justiça e solidariedade.

A mensagem do Cebrapaz sintetiza, assim, uma visão de esperança e profundamente comprometida com a construção de um futuro comum, em que a cooperação prevaleça sobre o confronto, em que o desenvolvimento seja compartilhado e em que a diversidade cultural e política seja celebrada como riqueza e não usada como justificativa para a divisão e o choque de civilizações. .

Esse horizonte é uma necessidade que já se desenha no presente, movida pelo esforço conjunto de povos que acreditam que a paz é não apenas possível, mas indispensável.

Nesse sentido, é inestimável a contribuição da China e de seu líder máximo, o Presidente Xi Jinping, também Secretário Geral do Partido Comunista da China. 

A Iniciativa de Governança Global apresentada por Xi Jinping surge como um marco importante no cenário internacional. Com foco em justiça, respeito mútuo, colaboração entre países, multilateralismo genuíno e protagonismo dos povos, o projeto chinês aposta em uma governança global centrada nos povos, rompendo com décadas de imposições externas que marcaram a ordem mundial.

Enquanto a China coloca o multilateralismo genuíno no centro de sua iniciativa, as potências imperialistas ocidentais seguem em direção oposta. Sob a presidência de Donald Trump, os Estados Unidos reforçaram políticas unilaterais, resgatando a retórica da  “América em primeiro lugar” e fragilizando organismos multilaterais. A Otan, por sua vez, manteve a expansão militar no Leste Europeu e intensificou tensões em regiões estratégicas da Ásia e do Oriente Médio.

De um lado, a China oferece diálogo, integração econômica e infraestrutura compartilhada. De outro, os EUA e aliados apostam em sanções, disputas comerciais e pressão militar, cenário que agrava instabilidades globais.

Um dos principais aspectos da proposta chinesa é sua capacidade de atrair o Sul Global. Países da Ásia, África, América Latina e Oriente Médio encontram na iniciativa chinesa uma chance de conquistar maior autonomia econômica e política, rompendo com a dependência das grandes potências ocidentais. 

Esse movimento representa uma mudança de paradigma: em vez de reproduzir modelos de exploração herdados do colonialismo e reforçados pelo imperialismo, a Iniciativa de Governança Global abre espaço para consolidar a multipolaridade, voltada para a prosperidade partilhada.

Com essa iniciativa, Xi Jinping posiciona a China como ator central na transformação da ordem internacional, com um projeto estratégico que oferece aos países emergentes em desenvolvimento uma alternativa diante das crises geradas pelas potências imperialistas. 

A proposta do Presidente Xi simboliza a possibilidade de uma política global orientada pela  paz, a solidariedade, o desenvolvimento compartilhado e o exercício do multilateralismo genuíno. Apoiar tal Iniciativa é uma opção virtuosa para os países emergentes e em desenvolvimento do Sul Global.   

* Este é um artigo de opinião, de responsabilidade do autor, e não reflete a opinião do Brasil 247.

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