Ideias de Sachs, firmes como concreto, expõem falhas sistêmicas globais
Jeffrey Sachs analisa as crises de 2025, defendendo diplomacia, comércio justo e sustentabilidade como bases para um mundo mais equilibrado e pacífico
Em 2025, o mundo parece uma corda a ponto de romper, tensionada por crises globais. Jeffrey Sachs, economista da Columbia University, traz clareza ao caos. Ele critica políticas erradas que abalam economias e vidas. Suas ideias, firmes como concreto, expõem falhas sistêmicas globais. Sachs sugere um futuro melhor, com diplomacia e sustentabilidade. Vamos explorar suas reflexões sobre comércio, conflitos e o papel de nações emergentes.
Sachs, que faz 71 anos em novembro, nasceu em Detroit, Michigan, em 1954. Nos anos 1980, assessorou Bolívia, Polônia e Rússia em reformas econômicas ousadas. Sua “terapia de choque” controlou hiperinflações, mas gerou críticas por desigualdades sociais. No Earth Institute, combateu pobreza extrema e mudanças climáticas, consolidando-se como referência global em desenvolvimento sustentável.
Bernie Sanders elogiou Sachs em 2015, chamando-o para reformar o Federal Reserve dos EUA. O Papa Francisco, em 2021, nomeou-o para a Pontifical Academy, destacando sua ética em Laudato Si’, que critica a “cultura do descarte” global. Sachs combina rigor acadêmico com um apelo por justiça, ligando crises econômicas a falhas humanas que exigem soluções urgentes e coordenadas.
No Parlamento Europeu, em fevereiro de 2025, Sachs classificou a guerra na Ucrânia como evitável. Ele aponta a expansão da OTAN e o golpe de 2014 em Kiev, apoiado pelos EUA, como estopins. Relatórios da ONU estimam 500 mil baixas ucranianas desde 2022. Para Sachs, diálogo, não confronto, teria prevenido essa tragédia humana.
Guerra devasta vidas ucranianas
Quinhentas mil vidas perdidas não são apenas números em relatórios frios. São famílias destruídas, futuros apagados, comunidades devastadas. Sachs compara o conflito a um “dique estilhaçado”, incapaz de conter a dor. Ele critica Biden por evitar diálogo com Putin em 2021, ignorando os Acordos de Minsk II. A neutralidade ucraniana poderia ter evitado esse desastre humano e geopolítico que assombra o mundo.
Em agosto, Trump ameaça sanções contra compradores de petróleo russo. Sachs rebate: “A Rússia redireciona 80% de suas exportações para China e Índia, diz a OPEP.” Essas sanções são inúteis, como “pedras contra o vento”. Ele alerta que políticas populistas, como tarifas, só aprofundam crises, ignorando lições econômicas que poderiam unir o mundo em cooperação.
Déficit comercial é matemática
Sachs explica o déficit comercial americano: não é roubo, é cálculo simples. Os EUA gastam US$ 31 trilhões, mas produzem US$ 30 trilhões. O governo, com déficits de US$ 2 trilhões anuais, age como um “cartão de crédito” sem limite, distribuindo recursos sem taxar os ricos. Culpam o mundo exterior, mas o problema está nas políticas fiscais internas irresponsáveis.
O protecionismo de Trump é o foco das críticas de Sachs. Comércio global é ganha-ganha, baseado na divisão de trabalho entre nações. Tarifas, como 50% contra Lesoto ou 144% contra a China, destroem valor, não transferem riqueza. Em dois dias, US$ 10 trilhões sumiram dos mercados globais. Sachs chama isso de “economia de Mickey Mouse”, um erro que ignora séculos de teoria econômica.
Tarifas bilaterais são um erro grave, diz Sachs. Equilíbrio comercial é geral, não por país. Ele compara: você não troca serviços com cada loja que frequenta. Seria caos! Forçar equilíbrio com Lesoto, que exporta US$ 228 milhões aos EUA, mas importa só US$ 7,33 milhões, pune nações pobres por sua eficiência, aumentando desigualdades globais e perpetuando injustiças econômicas.
Sachs critica o sistema político dos EUA, em colapso total. Trump usa decretos de emergência, agindo como “rei” e violando a Constituição, que dá ao Congresso poder sobre comércio e impostos. Financiado por ricos que evitam impostos, o governo sustenta déficits. Essa “regra de uma pessoa” ignora freios e contrapesos, transformando crises econômicas em crises democráticas globais.
Inveja e populismo
A rivalidade com a China é central. Sachs vê uma “inveja” americana pelo sucesso chinês. Em 20 anos, a China saltou de 8% para 30% da manufatura global, superando os EUA. Só 12% de suas exportações vão para lá, então tarifas têm pouco impacto. A China redireciona comércio aos BRICS, enquanto os EUA se isolam em sua própria narrativa.
Para Sachs, o protecionismo ameaça conquistas históricas globais. Desde os anos 1990, o comércio tirou um bilhão de pessoas da pobreza, principalmente na Ásia. Antes de 2008, o comércio crescia duas vezes mais que o PIB global; hoje, mal acompanha, com 3.200 restrições anuais. Ignorar 207 anos de vantagem comparativa, desde Ricardo, e 80 anos da OMC é um retrocesso grave.
O populismo alimenta políticas falhas, evitando reformas difíceis e necessárias. Investir em educação, infraestrutura e inovação é o caminho, não tarifas. Sachs cita Lesoto: com PIB per capita de US$ 916 contra US$ 82.800 dos EUA, enfrenta tarifas de 50%. É bullying econômico. Países pobres devem buscar integração regional, como a AFCFTA africana, para resistir e crescer apesar do protecionismo global.
Sachs vê uma reordenação global em curso. Ásia, África e América Latina, com 60% da população mundial, querem mais influência. Ele apoia a entrada da Índia no Conselho de Segurança da ONU. O Brasil, com sua história pacifista e diversidade, pode mediar tensões. A crise climática, custando 5% do PIB global, segundo o IPCC, exige cooperação multilateral.
Escolhas definem futuro global
Em novembro, a COP30 em Belém será chave para o futuro. Sachs, premiado com o Prêmio Tang de Sustentabilidade, alerta: “A globalização trouxe prosperidade, mas pode sufocar o planeta se mal conduzida.” Secas na África afetam 200 milhões, diz a FAO. Ele defende energias renováveis, que cresceram 15% entre 2024 e 2025, para evitar riscos nucleares e construir uma economia verde inclusiva.
Sachs reflete com tom profundo: “Cada crise reflete falhas humanas.” Ele cita Kennedy, não o negacionista Robert Kennedy Jr., para inspirar ação global. De conselheiro de Gorbachev a crítico da hegemonia americana, Sachs pede diplomacia e comércio aberto. Suas ideias são um convite para 2025: quantos passos faltam para paz e equidade serem nosso chão firme?
O mundo enfrenta escolhas claras: autoritarismo ou multilateralismo? Isolamento ou cooperação? Sachs nos desafia a rejeitar o populismo e adotar soluções baseadas em fatos concretos. O Brasil, na COP30, pode liderar, unindo nações por sustentabilidade. Que 2025 transforme crises em oportunidades, construindo um futuro onde todos prosperem, sem deixar ninguém para trás, rumo a um mundo mais justo e equilibrado.
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