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      Ricardo Nêggo Tom

      Músico, graduando em jornalismo, locutor, roteirista, produtor e apresentador dos programas "Um Tom de resistência", "30 Minutos" e "22 Horas", na TV 247, e colunista do Brasil 247

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      Hélio Lopes e o MST (Movimento dos Sem Trump) na porta do STF

      Um esparadrapo na boca de todos os deputados bolsonaristas faria do Congresso Nacional a terra mais produtiva do planeta, ironiza Ricardo Nêggo Tom

      Hélio Lopes (Foto: Billy Boss/Câmara dos Deputados)

      Numa tentativa de reeditar os acampamentos golpistas que serviram como base operacional para a tentativa de golpe no 08/01, legionários bolsonaristas planejavam montar suas barraquinhas na porta do STF, na Praça dos Três Poderes, em Brasília. Liderados pelo infante deputado federal Hélio Lopes, também conhecido como o “negão do Bolsonaro”, como ele gosta de ser chamado, o bolsonarismo tentou criar uma espécie de MST da extrema-direita, para protestar contra o que eles consideram uma censura do judiciário. Poderíamos chamar o evento de Movimento dos Sem Trump, mas prefiro classificar a ideia como mais uma “loucura” utilizada como método para provocar o Judiciário e escalar as tensões envolvendo os bolsonaristas e o ministro Alexandre de Moraes.

      Se um legionário romano usava uma armadura, calçava uma pilo (sandália de couro), e portava um gládio (um tipo de espada) como arma, Hélio Lopes montou seu acampamento em frente ao STF trajando uma camiseta com a bandeira de Israel como escudo, empunhando uma Bíblia como arma, e usando um esparadrapo na boca como mordaça. Aliás, o último acessório deveria ser adotado por toda a base bolsonarista no Congresso Nacional, o que nos pouparia de ouvir as estultices ditas por eles. A minha dúvida é se o deputado “negão do Bolsonaro”, mesmo sendo negro, tem noção do simbolismo negativo que carrega um homem preto amordaçado e praça pública. Se tivesse, não o teria utilizado para uma causa tão desonesta e favorável àquele que sempre defendeu a opressão das minorias.

      A cena se torna ainda mais patética quando uma mulher se aproxima do deputado e começa a chorar, antes de lhe dar um abraço e um beijo no rosto em sinal de debilidade, digo, de solidariedade. Um gesto que me fez evocar o filósofo General Mauro Fernandes, e me levou a um intruso “pensamento digitalizado” no qual eu imaginava uma senhora de engenho oferecendo carinho a um preto escravizado, amordaçado no tronco prestes a receber algumas chibatadas do capitão do mato. Só que me lembrei que pretos amordaçados, seja injustamente ou por defenderem uma causa justa, nunca suscitaram muita compaixão nas pessoas, e que o deputado Hélio Lopes é um dos capitães do mato sem cachorro que o bolsonarismo quer enfiar todo o país.

      Também se uniu a Hélio Bolsonaro outro deputado federal, Coronel Chrisóstomo, o mesmo que ergueu uma bandeira com o nome de Trump dentro da Câmara, e que sugeriu uma intervenção militar para livrar Bolsonaro da cadeia, e o ex-desembargador Sebastião Coelho, um evangélico conhecido por apoiar as sandices de Bolsonaro orando para que elas não sejam castigadas pela justiça dos homens. A distopia legionária parecia ganhar corpo com a chegada de outros populares, incluindo mais evangélicos, que começaram a fazer orações e a entoar louvores em defesa do sagrado direito de colocarem em prática outra tentativa de golpe contra o país. Só não contavam que Alexandre de Moraes também fosse armar a sua barraca por ali, e ordenar a retirada daquele circo dos horrores.

      Com suas barracas devidamente desarmadas, a pequena legião bolsonarista que tentou cercar o STF partiu em retirada. Os gritos de “criminoso” direcionados a Moraes foram silenciados pela PMDF, que cercou a praça dos Três Poderes com grades, impedindo que outros lunáticos se juntassem aos aluados deputados. Nem deu tempo de fazer a oração do pneu, nem de invocar a presença dos ET’s com a lanterna do celular. Ainda bem, porque sabemos como esse tipo de culto costuma terminar. O Movimento dos Sem Trump sucumbiu ao MMGA (Make Moraes Great Again), e voltou para casa sem rumo, sem Trump, sem Bolsonaro, e sem terra para tentar organizar assentamentos golpistas. O líder do movimento será preso em breve, e quem sabe poderá montar sua barraca de protesto no pátio da Papuda, se a direção do presídio assim permitir. Espero que mantenham o esparadrapo na boca durante as sessões da Câmara, e distribuam o adereço para todos os sectários da congregação. A democracia e os nossos ouvidos agradecem.

      * Este é um artigo de opinião, de responsabilidade do autor, e não reflete a opinião do Brasil 247.

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