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Leopoldo Vieira

Jornalista profissional, pós-graduado em Administração Pública e Ciência Política. Trabalhou como analista sênior de política na Faria Lima (TradersClub) e nos ministérios do Planejamento, Secretaria de Governo e Relações Institucionais nos governos Dilma Rousseff e Lula

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Foco local das pesquisas sobre operação no RJ limita avaliação; é incerto impacto em Lula

Segundo Leopoldo vieira, pesquisas locais sobre operação policial no Rio indicam apoio parcial, mas efeito nacional sobre Lula e governo permanece incerto

Policiais na zona norte do município do Rio (Foto: Reuters)

A pesquisa nacional da AtlasIntel e os levantamentos locais da Datafolha, Paraná Pesquisas e Quaest sobre a operação policial mais letal da história, no Rio de Janeiro, revelam um cenário de disputa simbólica mais equilibrado do que em outras ocasiões, em uma pauta tradicionalmente dominada pela direita. O foco das pesquisas em nível municipal ou estadual, exceto a AtlasIntel, limita uma avaliação de impacto federal. Também permanece em aberto se a operação poderá refletir negativamente, em escala nacional, na popularidade do presidente Luiz Inácio Lula da Silva e de seu governo, que é o principal indicador dessa discussão.

Segundo a AtlasIntel , 55% dos entrevistados aprovam e 42% desaprovam a operação, enquanto 52% afirmam que não houve excessos, contra 45% que consideram que houve. Esses números estão longe de configurar uma “lavada”, como esperavam lideranças oposicionistas, mas indicam que o tema permitiu à direita retomar a iniciativa política e melhorar suas condições de disputar a agenda nacional. 

Na capital fluminense e região metropolitana , o Datafolha apontou que 51% concordam com a frase “bandido bom é bandido morto”, contra 46% que discordam, sinal de que a abordagem conservadora segue predominante no Rio de Janeiro, mas com menor potência. Por outro lado, 77% defendem que é mais importante investigar crimes do que simplesmente eliminar criminosos, posição próxima ao Palácio do Planalto. O levantamento mostrou que a gestão de Cláudio Castro atingiu seu maior índice de aprovação desde 2022, com 40% avaliando seu governo como ótimo ou bom. Ao mesmo tempo, a desaprovação também alcançou o patamar mais alto, com 34% de ruim ou péssimo, a somente seis pontos da aprovação, enquanto 23% classificaram a administração como regular.

Em outra sondagem na capital , o Paraná Pesquisas identificou nuances relevantes: 53% acreditam que operações como a da semana passada reduzem a criminalidade, enquanto 41% discordam, revelando a existência de massa crítica significativa que se contrapõe à concepção tradicional de segurança da direita. Ao atribuir responsabilidades pela crise, 45% apontaram o governo estadual, 41% o governo federal e 6% o municipal, o que distribui a pressão sobre o Planalto. 

A Quaest , cujo levantamento se restringiu ao estado do RJ , mostrou que, além da aprovação à operação (64%), 73% acreditam que ações semelhantes devem ocorrer em outras comunidades, morros e favelas. Para 52%, todavia, a operação não aumentou sensação de segurança, sentimento mais acentuado entre mulheres (60%) e jovens (61%). 

A oposição enfrenta o desafio de manter o tema mobilizado para reativar o eleitorado conservador, estimular unidade do campo do centro e da direita, chamar atenção dos Estados Unidos e preparar o clima para lançar sua candidatura presidencial, provavelmente no primeiro trimestre de 2026. Em paralelo, a agenda e narrativa do Planalto vão encontrando espaço, mesmo diante das taxas expressivas de aprovação à operação no estado e cidade do Rio de Janeiro. 

* Este é um artigo de opinião, de responsabilidade do autor, e não reflete a opinião do Brasil 247.

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