Bolsonarismo começa a desmilinguir nas redes sociais após operação da PF
Levantamento da Quaest mostra que o bolsonarismo começa a perder tração e unidade na internet
A operação da Polícia Federal contra Jair Bolsonaro (PL), na sexta-feira, 18 de julho, provocou um abalo perceptível no comportamento digital das chamadas “torcidas” políticas. Segundo levantamento do instituto Quaest, que monitorou mais de 1,3 milhão de menções nas principais redes sociais, o bolsonarismo começa a perder tração e unidade na internet.
A análise mostra que 59% das postagens feitas entre 0h e 17h apoiaram a ação determinada pelo ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), enquanto 41% a criticaram. Mesmo entre grupos de direita, 32% das publicações expressaram críticas ao STF, mas apenas 11% utilizaram termos como “ditadura” ou “censura”, o que indica, segundo a Quaest, uma fragmentação do discurso e menor capacidade de mobilização do bolsonarismo digital.
A pesquisa também detectou que o nome de Bolsonaro foi buscado no Google cinco vezes mais do que a média registrada em junho. Houve ainda crescimento na procura por “tornozeleira” e “Alexandre de Moraes”, reflexo direto das medidas cautelares impostas pelo STF.
A operação - O ex-presidente foi alvo de mandados de busca e apreensão na residência onde mora e na sede do Partido Liberal. Bolsonaro foi obrigado a colocar tornozeleira eletrônica, teve recolhimento domiciliar fixado entre 19h e 6h, está proibido de acessar redes sociais e de se comunicar com embaixadores, diplomatas e demais investigados.
Segundo Alexandre de Moraes, Bolsonaro teria tentado condicionar o fim de tarifas comerciais dos Estados Unidos à sua anistia no Brasil, o que, para a PF, pode configurar tentativa de obstrução de Justiça, coação de testemunhas e ataque à soberania nacional.
Reação nas redes - A Quaest classificou o ambiente digital como “altamente reativo”. Foram 418 mil autores únicos comentando a operação e um alcance médio de 113 milhões de visualizações por hora. A velocidade da repercussão revela o enfraquecimento do bolsonarismo como força coesa e a ascensão de um campo mais crítico às investigações.
A crise de imagem se refletiu ainda no comportamento de figuras-chave. Enquanto Eduardo Bolsonaro tentava acionar Donald Trump nas redes, Flávio Bolsonaro mobilizava a base com discursos de vitimização. Ainda assim, os dados mostram que a narrativa do “preso político” não emplacou com a força esperada.
Isolamento político e digital de Bolsonaro - O bolsonarismo digital, que por anos dominou a arena pública com memes, hashtags e teorias conspiratórias, agora dá sinais de exaustão. A perda de centralidade e a crescente divisão interna apontam para um cenário onde o ex-presidente, além de fragilizado juridicamente, também começa a enfrentar o isolamento digital.
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