A teologia do domínio na organização golpista em atuação no Brasil
A desestabilização é para tentar impedir, mais uma vez, os avanços promovidos pelo governo Lula
Nos últimos dias, a sociedade brasileira teve acesso à conclusão da investigação da Polícia Federal no inquérito sobre as ações criminosas de obstrução à justiça e coação no curso do processo, que tinham como objetivo intimidar os ministros do STF, responsáveis pelo julgamento da ação penal contra o núcleo 01 da tentativa de golpe de estado de 8 de janeiro de 2023, cujos principais réus são o ex-presidente golpista, seu ex-ministro da justiça, oficiais militares de alta patente e o ex-chefe da Abin.
Após ouvirmos os áudios liberados pelo ministro Alexandre de Moraes, constatamos a existência de um grupo, pelo visto liderado por um “pastor”, adepto da teologia do domínio (construção teórica que objetiva o controle integral do Estado), que exerce forte influência sobre o ex-presidente e dá orientação a ele, aos seus filhos deputado federal e a um governador de Estado, que colaborou na empreitada do grupo. Ou seja, há pelo menos 4 pessoas envolvidas na trama.
Os diálogos demonstram que eles almejavam usar seus contatos, no exterior e no Brasil, para pressionar e influenciar no julgamento da ação penal em favor do referido grupo 01 e que sua atuação ocorria das seguintes maneiras:
a. através de medidas intimidatórias apresentadas por líder do governo de potência estrangeira, que iam desde ameaças a juízes brasileiros até a imposição de dificuldades à economia do país, com a aplicação de tarifas elevadas sobre produtos de exportação, a criação de embaraços diplomáticos e sanções diversas;
b. pela promoção da desordem institucional no parlamento brasileiro, como fizeram na injustificável obstrução da pauta, impedindo a votação de assuntos de interesse do governo federal, além de outras medidas de chantagem política para obter, na força, a aprovação do projeto de lei que visava anistiar quem atacou a Constituição, fato que por si só torna o referido projeto inconstitucional;
c. pela realização de contatos com juízes do STF e autoridades brasileiras e no exterior, visando influenciá-los para intercederem em favor da empreitada objetivada pelo grupo.
Esse núcleo, ainda que constituído informalmente, demonstrou ter uma sólida liderança, do tipo que, longe de atuar como eminência parda, impõe-se vociferando, dando ordens e intimidando os demais integrantes.
Além de estabelecer uma distribuição de tarefas, como se depreende das gravações, o grupo conta com vastos recursos financeiros, necessários para promover articulações contra o Brasil junto a autoridades dos Estados Unidos da América, além de produzir e proliferar vídeos pelas redes sociais, para insuflar correligionários a intimidar juízes do STF e forçar parlamentares a aprovarem a pretendida anistia.
Verifica-se, então, que tais pessoas não somente desrespeitam a ordem institucional como continuam a dar prosseguimento à trama golpista, iniciada em primeiro de janeiro de 2019 e que teve seu ápice em 8 de janeiro de 2023.
Ao chantagear, intimidar e forçar a aprovação dessa inconstitucional anistia, o grupo tenta, pela força, livrar do julgamento os líderes dos crimes de tentativa de golpe e abolição violenta do estado democrático de direito, para que possam recuperar seus direitos políticos (que ainda não perderam, pois não houve condenação até o momento) e prosseguir tramando livremente contra o próprio país.
Ou seja, estamos diante de uma organização que apresenta, até aqui, pelo menos quatro pessoas; constituída com base em uma hierarquia, na qual o suposto “pastor” exerce aos berros sua liderança sobre o grupo; que se apresenta subordinado e temeroso a ele, que ameaça a todos com a produção de vídeos, em que “botará pra quebrar”; com uma divisão de tarefas bem definidas e distribuídas entre os membros do grupo, que tem, entre seus objetivos, obstruir a justiça, coagir juízes e, por meio de medidas vindas do exterior, atacar a soberania nacional. Tudo isto para conseguir anistia para os acusados nos crimes de tentativa de golpe de estado e abolição violenta do estado democrático de direito.
Estamos, então, diante de organização perigosa, constituída para prosseguir na tentativa de golpe de estado, que, com toda certeza, ainda não foi debelada, tornando-se necessária a imposição de fortes medidas institucionais, com participação das instâncias populares e democráticas, para evitarmos a desestabilização do Brasil.
Sendo assim, não podemos permitir que os fascistas brasileiros façam aqui o que seus aliados venezuelanos tentam realizar na Venezuela, com o apoio dos Estados Unidos da América do Norte, que há décadas patrocina o caos contra o país vizinho, onde a trama é para se reapossarem das gigantescas jazidas de petróleo, as maiores do mundo.
Aqui no Brasil a desestabilização é para tentar impedir, mais uma vez, os avanços promovidos pelo governo Lula e, principalmente, para dificultar o crescimento e o prosseguimento das ações do Brics, na caminhada para a implementação do mundo multipolar em formação, que se estrutura com base na cooperação, apoio mútuo, respeito e harmonia, com vistas ao crescimento econômico dos países periféricos e à promoção do desenvolvimento integral de seus respectivos povos, até então subjugados pela ordem colonialista racista imposta há séculos pelo capitalismo.
* Este é um artigo de opinião, de responsabilidade do autor, e não reflete a opinião do Brasil 247.