A pequenez do governo Trump
Medidas de Trump contra autoridades brasileiras revelam fragilidade do governo norte-americano e sua perda de relevância internacional
Que os Estados Unidos, sob Donald Trump, caminham rumo a se consolidar como um Estado autocrático, não resta dúvida. Em breve tratarei disso em mais detalhes. Mas nem mesmo os mais incrédulos poderiam supor que o bilionário, dublê de presidente, transformaria a maior economia do mundo em uma republiqueta de hambúrgueres, alface, picles, queijo e molho especial.
O anúncio da ampliação da lista de sancionados pela Lei Magnitsky — com perda de visto e outras restrições —, incluindo a esposa do ministro Alexandre de Moraes e autoridades brasileiras como o Advogado-Geral da União, Jorge Messias, apenas para agradar a família Bolsonaro e, com essa chantagem, tentar pressionar o Judiciário brasileiro, expõe a pequenez dos atuais ocupantes do governo norte-americano.
Mais que isso: a cada gesto, Trump e sua entourage mostram o quanto os Estados Unidos encolhem em importância no cenário global. As autoridades sancionadas dão de ombros. Não perdem um minuto de sono, tampouco se afastam de suas responsabilidades, apenas porque estão impedidas de visitar as terras do Pateta ou de usar um cartão de crédito. Até piada fazem com a medida.
O que Trump e os seus servis parecem esquecer é que governos passam, mas os Estados permanecem. Dentro de quatro anos, é provável que sejam convidados pelo povo norte-americano a desocupar a Casa Branca. E, assumindo o poder um governo democrata e democrático — como tudo indica pelo andar da carruagem —, essas medidas serão investigadas. Quem tiver usado indevidamente o Estado norte-americano para favorecer amigos ou tirar vantagens pessoais, ideológicas ou não, terá de responder e será punido. Um governo não é para sempre. Nem os impérios Romano e Otomano o foram.
Consequentemente, também chegará ao fim a temporada de esconderijos para criminosos lesa-pátria que hoje se apoiam na proteção oferecida por Trump ou por membros de seu governo. Da mesma forma que alguém, um dia, acreditou que a Itália garantiria sua liberdade, a Interpol irá atrás desses personagens em solo norte-americano e os entregará à Justiça brasileira. Justiça que, noves fora, continuará sendo a mesma, pautada pelo mesmo corpo legal e com praticamente a mesma composição em sua Suprema Corte.
* Este é um artigo de opinião, de responsabilidade do autor, e não reflete a opinião do Brasil 247.