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Francisco Calmon

Ex-coordenador nacional da Rede Brasil – Memória, Verdade e Justiça; membro da Coordenação do Fórum Direito à Memória, Verdade e Justiça do Espírito Santo. Membro da Frente Brasil Popular do ES

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A geração de 68 ainda não foi substituída e o Brasil está sob cerco

Personalismo e fragmentação ameaçam a unidade da esquerda diante do avanço da extrema-direita

A geração de 68 ainda não foi substituída e o Brasil está sob cerco (Foto: Gustavo Conde)

Seus quadros ativos permanecem como protagonistas da luta de classes. Entenderam as demandas identitárias, porém, sem embarcar no identitarismo que fraciona a luta da classe trabalhadora, cujo destino histórico é o socialismo.

Preocupam os quadros identitários que se comportam como se a história tivesse começado com eles, a ponto de não conhecerem a vida política do século passado e não estudarem para tirar lições do ano internacional de luta de 1968.

Usam a plataforma da soberba e se dedicam ao automarketing, cultivando a própria imagem, em regra voltada para o cercadinho eleitoral e para o abandono da luta social.

O personalismo passou a ser cultivado sem desvelo e sem qualquer pudor.

A luta da classe trabalhadora não terá espaço para crescer se a frente de esquerda for tomada por personagens que só falam com a sua bolha, que não têm senso de autocrítica e humildade para admitir que o operariado, como um todo, produz política e conhecimento a todo momento.

Se durante as eleições são humildes, solícitos e simpáticos, uma vez eleitos, o sapato alto, a arrogância e a inacessibilidade passam a ser parte de seus caráteres.

Estamos numa conjuntura potencialmente trágica; não é teoria da conspiração afirmar que a extrema-direita está preparando condições para um golpe de Estado, com incentivo e patrocínio do imperialismo ianque, tendo como potencial autoria interna o Congresso.

Duas contradições na atualidade são as principais:

democracia versus o neonazifascismo, nacional (bolsonarismo) e internacional (trumpismo);

o multilateralismo versus o unilateralismo do decadente império estadunidense – intervenção ou subjugação.

A provocação para uma instabilidade institucional, a figura de um líder da extrema-direita em condições de intentar um golpe — os EUA farão a sua parte, como fizeram em 64.

Com quem podemos contar? Com o NÓS e com os patriotas em geral.

É necessário, contudo, que haja um plano para organizar, conscientizar e mobilizar a nação.

Em 64 havia organizações, havia conscientização, porém, não houve planejamento nem comando.

Se o Brasil temer sua invasão pelos EUA, como foi temida por Jango no golpe de 64, então sempre haveremos de ceder.

É hora de cultivar menos o personalismo e mais o patriotismo coletivo.

Lula abraçou alguns inimigos ideológicos, supondo que seriam apenas adversários políticos.

Mas há sempre uma linha tênue entre a tática de conciliação nacional e a concessão excessiva a quem ainda conspira nos subterrâneos da política.

Enaltecem acertadamente que os três Poderes são independentes e harmônicos entre si.

É um binômio. Não é ora um, ora outro. Devem andar unidos. São conceitos diferentes que formam uma unidade. Podem divergir em suas diferenças sem deixar a harmonia, conforme a alma da Constituição de 88.

Se criar uma dualidade antagônica, estará em dissonância com a Carta Magna. E, no mesmo sentido, há de se realçar algumas atribuições ao Executivo que o tornam singular.

Há de se saber: as Forças Armadas estão subordinadas ao Presidente, que é seu comandante em chefe. E mais, sobretudo: o Presidente é chefe de governo e chefe de Estado.

É crucial compreender o quão importante é o fato de as FFAA estarem subordinadas ao Presidente porque, como a história bem nos lembra, quando quartéis deixam de ser casernas para virar palanques da agitação, à sombra, o golpe volta a rondar.

Por tudo, é o presidente — no caso, Lula — que tem a prerrogativa e o dever primígeno de defender a soberania da nação.

Ser chefe de Estado é ser a figura pública mandatária que representa a unidade e a legitimidade de um Estado soberano. É encarnar a resistência da nação ante potências estrangeiras e seus capachos internos. Exige pulso firme contra entreguistas com ou sem toga, farda ou mandato.

Se pudesse cochichar nos ouvidos de Lula, diria: Presidente, dia 25 de agosto é comemorado o Dia do Soldado, participe da ordem do dia, da celebração, e enalteça que o verdadeiro soldado é o guardião da pátria em qualquer circunstância, ante ao perigo de uma potência estrangeira que cobice as nossas riquezas.

* Este é um artigo de opinião, de responsabilidade do autor, e não reflete a opinião do Brasil 247.

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