A gangue do esparadrapo
Na sociedade dos imbecis, os criminosos deputados bolsonaristas que obstruem os trabalhos na Câmara são heróis, critica Ricardo Nêggo Tom
Durante participação no programa “Roda Viva”, o cientista Miguel Nicolelis classificou o bolsonarismo como uma doença, e avaliou que a ignorância virou moda na nossa atual conjuntura social. Indivíduos incapazes de distinguir o que é certo do que é errado, cada vez mais ganham voz em redes sociais que funcionam como uma espécie de vírus, disseminando desinformação e dando reconhecimento e notoriedade a quem fala mais bobagens. Uma sociedade de imbecis que elege seus iguais para representá-los na política, institucionalizando a ignorância, a mentira, a burrice e, claro, o mau-caratismo. Isso explica a maioria de extrema-direita que ocupa cadeiras no Congresso Nacional.
Uma sociedade imbecilizada – ou parte dela – é capaz de naturalizar uma tentativa de golpe estado na qual o chefe da quadrilha se apresenta como o salvador da pátria, e de defender tal ação criminosa pedindo anistia para todos os envolvidos na trama, apesar de todas as provas que evidenciam a intenção de abolir violentamente o estado democrático de direito. Inclusive, com um plano para matar o atual presidente da República, o seu vice, e o ministro do STF que hoje relata o inquérito da mesma tentativa de golpe. Embora tenhamos de ter o cuidado de não imbecilizar crimes, é importante que estejamos atentos ao potencial criminoso da imbecilidade. Nelson Rodrigues previu que os idiotas dominariam o mundo, mas não podemos nos submeter a sua idiotia, e a uma oligofrenia que se espalha como metástase social na mente de grande parte da população.
Subverter ainda mais um senso comum que já é subvertido por essência, é a missão do bolsonarismo. A tentativa de impor a todo custo a sua idiotia ideológica, se apresenta em todas as áreas da sociedade, e por todos os meios necessários. A religião, sobretudo, o cristianismo evangélico, é um dos braços fortes desse projeto de dominação alicerçado na distopia social. Quando deputados bolsonaristas decidem obstruir os trabalhos no Congresso se amordaçando com esparadrapos na boca, ameaçando parar o país caso criminosos não sejam postos em liberdade, e encontrando apoio popular para tão insana e irresponsável atitude, observamos com clareza que o processo de imbecilização e naturalização de crimes institucionais está evoluindo com êxito. E quanto maior for o número de representantes dessa oligofrenia social no parlamento, maiores serão os riscos à ordem democrática.
Aos que insistem que não houve golpe porque não se consumou o ato, imaginemos o caso do sujeito que levou a sua amante para casa enquanto sua esposa estava ausente. No momento em que ambos se preparavam para cometer o “delito” que os levou até ali, o sujeito lembra que não tem preservativo e vai à farmácia para comprar. Nesse ínterim, a esposa do sujeito chega em casa de surpresa e flagra a amante do marido no local do “crime”. Teria o sujeito a cara de pau de dizer que não houve traição porque ele não estava presente no local quando sua esposa chegou, e que por isso, não houve a consumação da sua trairagem? Sim, se o sujeito for um imbecil bolsonarista – com o perdão do pleonasmo – e entender que um crime se julga pela sua jurisprudência pessoal e não pelos fatos e provas que constam nos autos do processo.
O que estamos presenciando é uma vagabundagem parlamentar sem precedentes na história do país, onde uma gangue política exerce o seu mandato soprando apitos de cachorro para uma turba de desajustados e dissonantes cognitivos que pretendem transformar o Brasil num sanatório ideológico. Ignorando os anseios e as reais necessidades da população, deputados bolsonaristas prometem transformar o país inteiro num inferno, caso o diabo que inspira suas ações não seja solto. Como verbalizou sem nenhum pudor o deputado Sóstenes Cavalcante, ao anunciar uma “coordenação centralizada” que estaria trabalhando para desestabilizar a ordem enquanto a anistia aos golpistas não fosse pautada na Câmara. “O Brasil não terá paz”, declarou o boneco de ventríloquo de Silas Malafaia, o verdadeiro deputado por trás da cara de galinha carijó de Sóstenes.
Espera-se que o deputado Hugo Motta se manifeste e restabeleça a ordem na casa, nem que seja acionando a Polícia Legislativa para retirar os delinquentes que sequestraram o plenário da Câmara, e estão pedindo como resgate a prisão de Moraes e a soltura dos criminosos do 08/01. A idiocracia não pode substituir a democracia, embora o bolsonarismo venha se esforçando para impor o seu conceito de sociedade ideal a todos. Se Jesus multiplicou os pães, Bolsonaro - o messias que não faz milagres - multiplica os idiotas, e eles se espalharam por todos os cantos da terra para defender o seu salvador. Aquele que não são dignos de calçar a tornozeleira. Porém, a maioria do povo brasileiro não se converteu à estupidez bolsonarista, e nem pretende passar o resto de suas vidas no inferno sócio existencial que o mito oferece como céu para os seus apoiadores. Portanto, é hora de exigirmos que os presidentes da Câmara e do Senado tomem providências enérgicas e exorcizem esses demônios do submundo do bolsonarismo da casa do povo.
O governo precisa dar sequência a pautas importantes como a isenção do IR para quem ganha até R$ 5 mil, a taxação dos mais ricos e o fim da escala 6x1, e não pode perder tempo com uma gang defensora de um vagabundo que tentou dar um golpe no país. Vão trabalhar, vagabundos bolsonaristas! E façam o favor de devolver aos cofres públicos os dias não trabalhados, nos quais vocês estavam fazendo cosplay de meliantes faccionados e tomaram a “boca” em nome do chefe da gangue que comanda a ação cumprindo pena em prisão domiciliar. O Brasil não merece o bolsonarismo. O bolsonarismo não merece existir. A nossa existência não merece ser dividida com esse mal. O bolsonarismo é uma organização criminosa que precisa ser defenestrada sem dó, sem piedade e sem anistia.
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