Venezuela denuncia manobra militar dos EUA em Trinidad e Tobago
Governo alerta que exercícios controlados pelo Comando Sul e CIA buscam provocar confronto armado no Caribe
247 - O governo da Venezuela emitiu neste domingo (26) um severo alerta à comunidade internacional sobre uma ameaça direta à paz e à estabilidade do Caribe. A denúncia aponta que Trinidad e Tobago está realizando, desde o domingo (26), exercícios militares coordenados com a Agência Central de Inteligência dos Estados Unidos (CIA) e financiados pelo Comando Sul norte-americano. Os exercícios terminarão na quarta-feira (29).
A informação é da Telesur, que citou um comunicado oficial de Caracas detalhando a presença do destróier USS Gravely, navio de guerra dos EUA que chegou ao território de Trinidad y Tobago no domingo. Segundo o governo venezuelano, a movimentação militar “representa um passo concreto rumo a uma guerra pelo petróleo venezuelano, patrocinada pelo imperialismo estadunidense”.
Venezuela alerta para risco de operação de falsa bandeira
O comunicado do governo bolivariano informou ainda que um grupo mercenário teria sido capturado em território venezuelano, portando informações repassadas diretamente pela CIA. De acordo com as investigações, esse grupo estaria planejando uma operação de falsa bandeira a partir das águas fronteiriças entre Trinidad e Tobago e a Venezuela, com o objetivo de gerar um confronto militar de grandes proporções.
Entre as preocupações levantadas, Caracas traçou paralelos históricos com episódios que serviram de pretexto para guerras anteriores, como a explosão do encouraçado Maine em 1898 e o incidente do Golfo de Tonkin, em 1964, ambos utilizados pelos Estados Unidos para justificar ações militares.
Acusações contra a primeira-ministra de Trinidad e Tobago
A declaração venezuelana também fez críticas diretas à primeira-ministra de Trinidad y Tobago, Kamla Persad-Bissessar, acusando-a de “renunciar à soberania nacional” ao permitir que o território do país fosse transformado em base militar subordinada aos interesses de Washington.
“Ao cumprir a agenda militarista de Washington, Persad-Bissessar pretende atacar a Venezuela, um país que sempre manteve uma política de cooperação energética, respeito mútuo e integração caribenha”, afirmou o governo de Caracas no comunicado.
De acordo com o texto, a iniciativa dos exercícios militares faz parte de um plano mais amplo para converter Trinidad e Tobago em um “porta-aviões” destinado a operações militares contra a Venezuela e outras nações da América do Sul.
Violação de tratados internacionais e direitos humanos
O governo venezuelano destacou que a operação militar viola diversos instrumentos jurídicos internacionais, incluindo a Carta das Nações Unidas, a proclamação da América Latina e do Caribe como Zona de Paz – aprovada pela CELAC –, e os princípios da Comunidade do Caribe (CARICOM), que defendem a cooperação e a não agressão entre povos da região.
“Estes não são exercícios defensivos: são uma operação colonial de agressão militar que busca transformar o Caribe em um espaço de violência letal e dominação imperial dos EUA”, enfatiza o comunicado oficial.
Além da crítica diplomática, o documento venezuelano também acusou o governo de Trinidad y Tobago de envolvimento em execuções extrajudiciais de pescadores no Mar do Caribe, relatando uma política de repressão violenta supostamente praticada sob o lema “matem todos”.
Mobilização e resposta militar venezuelana
Em resposta à ameaça, o governo de Caracas afirmou que as Forças Armadas Nacionais Bolivarianas permanecerão em alerta máximo, prontas para reagir “em perfeita unidade popular-militar-policial” diante de qualquer agressão estrangeira.
A denúncia reforça a postura da Venezuela contra o que considera “governos vassalos” dos Estados Unidos e reafirma o compromisso do país com a defesa de sua soberania territorial e da paz regional.