Tarso Genro alerta para possível invasão da Venezuela
Ex-governador do Rio Grande do Sul alerta que o presidente do EUA, Donald Trump, quer fazer da Venezuela um "quintal econômico e militar americano"
247 - O jurista e ex-governador do Rio Grande do Sul, Tarso Genro, usou as redes sociais para alertar que o Prêmio Nobel da Paz dado à política venezuelana Corina Machado amplia o risco de uma intervenção militar dos Estados Unidos no país sul-americano. "O panorama é sombrio: Trump está sendo iconizado pela mídia mundial como Construtor da Paz, mas ele foi o grande Falcão da 'guerra' e do genocídio; Trump [presidente dos Estados Unidos, Donald Trump] construiu - como Prêmio Nobel - uma liderança da extrema direita, que quer a invasão militar do seu país pelos EUA, não só para derrubar um Presidente ilegítimo, mas principalmente para fazer da Venezuela um quintal econômico e militar americano", escreveu o ex-governador na rede social X (antigo Twitter).
Ainda segundo ele, "a ação terrorista desencadeada pelo Hamas - como sempre ocorre com este tipo de ação - ao invés de fortalecer a luta do povo palestino pela formação de um Estado livre, redundou na legitimação de um 'protetorado' internacional sobre Gaza, liberado para o poder político dos grandes negócios ocidentais; Trump, agora, movimenta tropas para Porto Rico e pode preparar dali um assalto militar ao continente a partir da Venezuela, quando achar necessário, para promover seus interesses imperiais coloniais; a flexibilização de Trump, no confronto com o Brasil - corretamente perseguida pelo nosso Governo - foi aceita por ele dentro da doutrina Kissinger (política da Tolerância Repressiva originária da 'guerra fria') para, 'afrouxando' os torniquetes em alguma região, possibilitar ações mais radicais e violentas em outros espaços geopolíticos".
No texto, Tarso Genro avalia que "a imprensa mundial caracterizou o episódio como 'fim de uma guerra', o que obviamente foi a aniquilação de um grupo terrorista, de um lado, e, de outro, a aniquilação brutal de milhares de crianças, mulheres, velhos e jovens civis, não combatentes, em Gaza. O povo Palestino perdeu, mas voltará, porque nenhuma paz é construída com justiça sobre uma montanha de cadáveres de pessoas inocentes".
"Fim da guerra" em Gaza
A postagem foi feita pouco após a imprensa divulgar que o Hamas entregou nesta segunda-feira (13) os últimos 13 prisioneiros vivos que ainda estavam sob seu poder na Faixa de Gaza, encerrando dois anos de cativeiro.
Os prisioneiros libertados foram transferidos ao Comitê Internacional da Cruz Vermelha e se juntaram a outros sete israelenses já libertados mais cedo. Trata-se da primeira fase do plano de cessar-fogo apoiado pelos Estados Unidos para encerrar o genocídio perpetrado durante dois anos por Israel contra o povo palestino na Faixa de Gaza.
"Este é um grande dia. É um novo começo e acho que nunca houve um evento como este", afirmou. O presidente norte-americano ressaltou a comoção popular em Israel e garantiu que o Hamas cumprirá os termos do acordo: "Eles vão cumprir", disse Trump.
Brasil vê risco de intervenção militar na Venezuela
O governo brasileiro acompanha com apreensão a premiação do Nobel da Paz à opositora venezuelana María Corina Machado, avaliada em Brasília como um fator que pode elevar as chances de intervenção militar dos Estados Unidos contra a Venezuela. Para o Planalto, a honraria fortalece a ala mais radical do governo do atual presidente americano, Donald Trump, liderada pelo secretário de Estado Marco Rubio.
Segundo a Folha de S.Paulo, autoridades brasileiras reconhecem que a decisão atrapalha as tentativas de mediação pacífica para reduzir a tensão no país vizinho, o que poderia resultar em uma grave crise humanitária que afeta fortemente os países da América do Sul. Em telefonema recente, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) reforçou a Trump a importância de uma "saída diplomática" para a crise, destacando que não há temas proibidos no diálogo bilateral.


