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Rubio apoia projetos de gás entre Venezuela e Trinidad e Tobago

Secretário de Estado dos EUA dá sinal verde a negociações sobre o campo de gás Dragon entre os dois países

O secretário de Estado dos EUA, Marco Rubio - 16/07/2025 (Foto: REUTERS/Umit Bektas)

247 - O governo de Trinidad e Tobago recebeu aval dos Estados Unidos para retomar as conversas com a Venezuela sobre projetos de gás natural. A informação foi divulgada pela Bloomberg, que detalhou o apoio dado pelo secretário de Estado norte-americano, Marco Rubio, ao diálogo entre os dois países caribenhos.

De acordo com a publicação, Rubio disse à primeira-ministra de Trinidad e Tobago, Kamla Persad-Bissessar, que qualquer acordo precisaria assegurar que o presidente venezuelano Nicolás Maduro não se beneficie diretamente da parceria. O Departamento do Tesouro dos EUA, por meio do Escritório de Controle de Ativos Estrangeiros (Ofac), prepara a emissão de novas licenças para viabilizar os projetos energéticos entre as duas nações.

Apoio norte-americano condicionado

Após encontro com Rubio, Persad-Bissessar declarou ter conquistado apoio dos EUA “para o desenvolvimento dos recursos de hidrocarbonetos transfronteiriços do país”. O secretário, por sua vez, citou especificamente a proposta de exploração do campo de gás Dragon, localizado em águas venezuelanas, cujo destino seria a exportação de gás natural para Trinidad.

O campo Dragon já vinha sendo negociado há anos por Caracas, Porto Espanha e a Shell, com o objetivo de alimentar a indústria petroquímica de Trinidad ou processar o combustível em forma de gás natural liquefeito (GNL) para o mercado externo.

Pressão sobre o governo Maduro

Washington mantém acusações de envolvimento do governo Maduro no narcotráfico e, recentemente, destruiu três embarcações venezuelanas que, segundo a Marinha dos EUA, transportavam drogas pelo Caribe. A tensão política e militar tem dificultado a obtenção de isenções às sanções americanas para empresas interessadas em investir na Venezuela.

Persad-Bissessar, que retornou ao poder em abril após vitória expressiva nas eleições, alinhou-se aos EUA. Em discurso recente, afirmou: “Não tenho simpatia pelos traficantes — o Exército dos EUA deveria matá-los todos violentamente”.

Disputa por novos recursos de gás

Trinidad, que foi pioneira na exportação de gás liquefeito, enfrenta queda na produção de seus campos maduros e busca alternativas para garantir o futuro energético. A Shell e a câmara de energia do país vinham pressionando a premiê a apoiar o projeto Dragon, apesar de sua resistência inicial durante a campanha eleitoral.

A expectativa é que as novas licenças da Ofac sigam modelo semelhante ao que permitiu à Chevron explorar petróleo na Venezuela, em um acordo que prevê compensação em produção — e não em dinheiro — para a estatal PDVSA.

Além da Shell, outras gigantes como BP e Chevron têm interesse nos campos de gás ainda inexplorados entre Venezuela e Trinidad, reforçando a disputa estratégica pelos recursos da região.

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