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Rodovia modernizada por empresa chinesa impulsiona exportações de frutas e transforma economia rural no Chile

Projeto de infraestrutura do Grupo China Railway Construction acelera logística agrícola e fortalece parceria comercial entre Chile e China

Caminhão passa por um pedágio localizado na cidade de Talca, no trecho Talca–Chillán, da Rodovia 5, no Chile (Foto: Luiz Branco)
Redação Brasil 247 avatar
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247 – Na região de Maule, no Chile, uma transformação silenciosa mas profunda vem ocorrendo nos últimos anos, impulsionada por uma modernização estratégica da principal via do país. De acordo com reportagem publicada por Chen Yiming, do Diário do Povo, a modernização do trecho entre Talca e Chillán da Rodovia 5 — apelidado localmente de “Rodovia das Cerejas” — revolucionou a logística da produção agrícola e contribuiu para um salto na economia rural chilena.

A intervenção foi conduzida pelo Grupo Internacional da China Railway Construction, que assumiu a concessão do trecho em 2021, adotando um modelo integrado de investimento, construção e operação. Desde então, melhorias significativas foram implementadas: 30 km de ampliação, construção de 54 km de vias de contorno, instalação de 13 pedágios eletrônicos e pioneirismo no uso de tecnologia RFID para cobrança automática, adotada em 2022. O projeto também se estende ao sul, até Coipué, com 172,6 km de renovação e construção adicionais.

Do milho às cerejas: a transformação no campo

No Vale Central, a família Rodríguez representa bem essa mudança. Pablo Rodríguez, gerente da fazenda familiar, contou com entusiasmo: “Nossa fazenda antes cultivava milho e tomate. Em 2012, começamos a nos transformar, passando a plantar cerejas, uvas e melancias, que têm maior valor agregado. Em 2014, exportamos cerejas para a China pela primeira vez”. Hoje, 100% da produção de cerejas é destinada ao mercado chinês.

A rapidez no transporte é crucial. “Garantimos que as cerejas são levadas do pé ao armazém refrigerado em, no máximo, 3 horas, para que mantenham a melhor qualidade ao chegar à China”, afirmou Rodríguez. Ele destaca que a modernização da Rodovia 5 reduziu significativamente o tempo e aumentou a segurança no transporte, assegurando que as frutas frescas cheguem ao porto “no último minuto” antes do embarque.

Logística eficiente, renda multiplicada

Para os trabalhadores locais, a mudança também trouxe impacto direto. Durante a colheita, a fazenda chega a empregar até 500 pessoas. Além disso, há um novo dinamismo regional: moradores passaram a atuar em logística, vendas e comércio eletrônico, aproveitando o crescimento da cadeia de exportação agrícola.

O caminhoneiro Juan Álvarez testemunha essa transformação: “Desde que a empresa chinesa trouxe o sistema de ‘passagem fluida’, o congestionamento diminuiu bastante e o tempo de transporte caiu muito. Agora, consigo fazer o trajeto de ida e volta duas vezes por dia, o que aumentou bastante minha renda”.

Conectividade como alavanca do desenvolvimento

A Rodovia 5 é considerada a espinha dorsal do Chile, conectando o norte ao sul e servindo de eixo para o escoamento da produção. O presidente da Associação Chilena de Exportadores de Frutas, Iván Marambio, destacou que o trecho Tachi é “um canal essencial para que os produtos agrícolas do Chile entrem na China e em outros mercados asiáticos”. Segundo ele, a modernização elevou a eficiência e reduziu os prazos logísticos, ampliando os lucros dos produtores e fortalecendo o setor como um todo.

O acadêmico Fernando Reyes Matta, diretor do Centro de Estudos sobre a China e a América Latina da Universidade Andrés Bello, aponta que as cerejas tornaram-se símbolo do sucesso comercial entre os dois países: “Por trás desse ‘comércio doce’ está o apoio de infraestrutura como a Rodovia 5. A conectividade em infraestruturas estabeleceu uma base sólida para a cooperação sino-latino-americana”.

Perspectiva de longo prazo

O modelo de cooperação entre Chile e China tem se revelado mutuamente vantajoso. Pontes, escolas, usinas, rodovias e portos construídos com participação chinesa vêm estimulando o desenvolvimento econômico em várias regiões da América Latina. No caso chileno, a Rodovia 5 se converteu em símbolo concreto dessa aliança — levando cerejas ao outro lado do mundo e oportunidades a quem antes vivia do cultivo de subsistência.

Ao investir em infraestrutura crítica, a China não apenas encurta distâncias físicas, mas também fortalece laços comerciais e sociais com seus parceiros latino-americanos. No Chile, esse modelo já mostra frutos — literalmente doces e com destino certo: as mesas chinesas.

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