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PT condena "perseguição política" na Argentina contra Cristina Kirchner e a compara a Perón

“Cristina Kirchner é a maior vítima de violência política e lawfare da Argentina desde o retorno da democracia ao país, em 1983”, diz nota do partido

Cristina Kirchner (Foto: Reuters/Tomas Cuesta)
Guilherme Levorato avatar
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247 - O PT divulgou nota oficial, nesta quarta-feira (11), em solidariedade à ex-presidente da Argentina, Cristina Fernández de Kirchner, e ao Partido Justicialista (PJ), após a Suprema Corte do país confirmar sua condenação à prisão e à inelegibilidade. De acordo com a Executiva Nacional do PT, Cristina é “a maior vítima de violência política e lawfare da Argentina desde o retorno da democracia, em 1983”.

A decisão do tribunal máximo argentino rejeitou todos os recursos apresentados pela defesa da ex-presidente no processo conhecido como “Causa Vialidad” e manteve a sentença anterior de seis anos de prisão, com perda permanente dos direitos políticos. Os três juízes votaram de forma unânime.

A nota do PT recorda que Cristina, além de ser presidente do Partido Justicialista, é “a principal líder da oposição ao governo de Javier Milei”, e atribui a condenação a uma “campanha de ódio e perseguição política”. O episódio mais extremo dessa ofensiva, segundo o partido brasileiro, ocorreu em 2022, quando “um militante de extrema direita disparou uma arma de fogo a poucos centímetros da sua cabeça”, mas a tentativa de assassinato fracassou devido a uma falha no equipamento.

A Executiva Nacional do PT sublinhou que a decisão judicial foi anunciada poucos dias após Cristina Kirchner declarar sua candidatura a deputada pela província de Buenos Aires, nas eleições previstas para 7 de setembro. “O Partido dos Trabalhadores respeita a autonomia do Judiciário da Argentina, mas lamenta que a ex-presidenta seja submetida a um processo de perseguição política”, afirma o comunicado.

O partido ainda traça um paralelo histórico entre a situação de Cristina e o que foi vivido pelo ex-presidente Juan Domingo Perón e o movimento peronista, que foram alvo de repressão entre 1955 e 1973, além do período da última ditadura militar (1976-1983).

A nota também rememora o legado de Cristina Kirchner à frente do governo argentino entre 2007 e 2015, destacando a redução da pobreza e da desigualdade, a ampliação do ensino superior público e os investimentos em ciência, tecnologia e infraestrutura. “O Partido dos Trabalhadores estará ao lado do Partido Justicialista na luta pela reabilitação política da ex-presidenta Cristina Kirchner”, conclui o texto.

Processo envolto em escândalos - A condenação de Cristina Kirchner teve como base a acusação de administração fraudulenta em prejuízo da administração pública, da qual ela sempre negou envolvimento. A acusação de associação ilícita, por sua vez, foi rejeitada pela própria Suprema Corte, que também não atendeu ao pedido do Ministério Público para agravar a pena.

O processo foi marcado por episódios que geraram forte controvérsia e denúncias de parcialidade. Fotos revelaram que o procurador responsável pela acusação, Diego Luciani, e o juiz Rodrigo Giménez de Uriburu — integrante do tribunal — jogavam futebol juntos na casa de campo do ex-presidente Mauricio Macri, principal adversário político de Cristina. Posteriormente, vieram à tona mensagens indicando suposta manipulação de provas entre magistrados, funcionários e empresários ligados ao Grupo Clarín, maior conglomerado de mídia do país, notório opositor do kirchnerismo.

Mesmo com os escândalos e as suspeitas que pairam sobre a condução do caso — incluindo o papel do juiz Julián Ercolini, responsável pela coleta de provas —, a Justiça argentina manteve a condenação, agora referendada por sua instância máxima.

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