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      Presidente boliviano pede unidade da esquerda para vencer as eleições de agosto

      Luis Arce propõe formação de bloco nacional-popular e cobra superação de divisões para derrotar a direita nas eleições presidenciais

      Luis Arce (Foto: Prensa Latina )
      José Reinaldo avatar
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      247 - Em declaração à imprensa nesta quinta-feira (17), o presidente da Bolívia, Luis Arce, convocou as forças progressistas do país a se reunirem em um grande encontro nacional, com o objetivo de formar um bloco de esquerda para as eleições gerais marcadas para 17 de agosto. A informação é da agência Prensa Latina.

      “Queremos propor a todos os partidos de esquerda que nos encontremos, que nos unamos”, declarou o chefe de Estado, em coletiva realizada na Casa Grande del Pueblo, sede do governo boliviano. Arce afirmou ainda que o Executivo enviará uma carta a todos os líderes de partidos políticos de esquerda convidando formalmente à formação do que chamou de “bloco nacional-popular”.

      A proposta surge num momento de acirramento do cenário político nacional e tem como pano de fundo o 45º aniversário do assassinato do líder socialista Marcelo Quiroga Santa Cruz, referência histórica na luta pela justiça social e pela soberania dos recursos naturais da Bolívia. O presidente associou o apelo à memória de Quiroga, símbolo de resistência contra a ditadura e o entreguismo.

      “O governo nacional estenderá este convite para uma reunião a todos os nossos partidos políticos de esquerda para formar este bloco que a sociedade, o povo boliviano — repito, os mais humildes, as pessoas das aldeias, as pessoas que vivem nas áreas rurais — estão esperando, uma resposta desta magnitude”, enfatizou Arce.

      O presidente destacou que a iniciativa tem como propósito articular uma resposta unificada da esquerda frente ao avanço da direita, com base em “critérios comuns” e num programa que represente os interesses populares. Segundo ele, a unidade das forças progressistas é fundamental para oferecer ao país uma alternativa “verdadeira de governar”.

      Arce relembrou que esta não é a primeira vez que conclama a esquerda à coesão. No dia 18 de janeiro, já havia proposto a formação de alianças. Contudo, denunciou que essas tentativas enfrentaram “sabotagem interna e externa”, sem entrar em detalhes sobre os responsáveis.

      Em 13 de maio, o presidente anunciou que não concorreria à reeleição e, na ocasião, voltou a defender a união das forças de esquerda, argumentando que essa unidade não poderia estar condicionada à figura de uma pessoa, mas sim a um projeto político coerente. “Elementos muito mais fortes e convincentes do que apenas uma pessoa devem ser o centro dessa coesão”, afirmou.

      O presidente saudou os recentes sinais de aproximação entre setores da esquerda, inclusive dentro do próprio partido governista, o Movimento ao Socialismo (MAS). Citou positivamente os candidatos presidenciais Andrónico Rodríguez, Eva Copa e Eduardo del Castillo — todos ligados ao MAS — que, segundo ele, têm se mostrado abertos à construção de uma frente ampla.

      “A unidade é possível”, reiterou Arce, ressaltando que há pontos em comum entre os pré-candidatos e partidos do campo popular, o que permitiria avançar para uma proposta conjunta de governo capaz de responder às necessidades do povo boliviano.

      A convocação de Arce ocorre em meio a tensões internas no MAS, que enfrenta disputas entre alas vinculadas ao ex-presidente Evo Morales e setores alinhados à atual administração. Com a decisão de não disputar a reeleição, Arce tenta se colocar como articulador de um novo pacto progressista, em vez de um ator de polarização.

      A construção de um bloco nacional-popular, conforme propõe o presidente, deverá enfrentar desafios organizativos e políticos nas próximas semanas. O tempo é curto até o pleito de agosto, mas a proposta lança luz sobre a possibilidade de recomposição das forças populares em um cenário fragmentado e marcado pela ascensão de candidaturas conservadoras.

      Se bem-sucedida, a iniciativa poderá representar um movimento estratégico para a manutenção de um projeto progressista na Bolívia, ancorado no legado dos governos do MAS e na luta histórica por soberania, justiça social e integração popular.

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