Petro condena ataque de Israel a flotilha rumo a Gaza
“Lembra as ofensivas dos submarinos nazistas contra a frota mercante dos Estados Unidos. Hitler vive em Netanyahu”, afirma o presidente da Colômbia
247 - O presidente da Colômbia, Gustavo Petro, condenou duramente o ataque de Israel a uma embarcação que integrava a flotilha solidária de ajuda humanitária destinada à Faixa de Gaza. Em publicação nas redes sociais nesta terça-feira (9), Petro comparou a ofensiva israelense às ações de submarinos nazistas contra a frota mercante dos Estados Unidos durante a Segunda Guerra Mundial.
“Hoje, o povo palestino recolhe migalhas nas ruas enquanto novos genocidas bombardeiam navios civis que levam comida a crianças famintas que ainda sobrevivem. Estamos diante de uma ignomínia inumana”, escreveu o presidente colombiano, que também afirmou: “Hitler vive em Netanyahu, e os novos amigos de Hitler o apoiam. O ataque ao barco civil cheio de alimentos para os palestinos é a centelha que incendia a pradaria”.
Ataque na Tunísia
O caso denunciado por Petro ocorreu no porto de Tunes, na Tunísia. Segundo a relatora especial da ONU, Francesca Albanese, um dos barcos da Flotilha Global Sumud, que havia partido da Espanha, foi atingido “aparentemente por um drone” na noite de segunda-feira (8). A embarcação transportava ativistas internacionais, entre eles a sueca Greta Thunberg e o brasileiro Thiago Ávila.
Em relato publicado na rede social X, Albanese detalhou a sequência do ataque: “Aqui estão as imagens da câmera de segurança do navio da Família da Flotilha Sumud, atracado próximo ao porto de Tunes. Então: 1. Som de algo que a tripulação identificou como um drone. 2. As equipes soam o alarme e pedem ajuda. 3. Explosão”.
Mortes e denúncias internacionais
Desde o início da ofensiva israelense contra Gaza, em outubro de 2023, mais de 64 mil palestinos foram mortos. O governo de Israel já foi denunciado na Corte Internacional de Justiça pelo crime de genocídio, enquanto o Tribunal Penal Internacional emitiu mandado de prisão contra o primeiro-ministro Benjamin Netanyahu. Ainda assim, os ataques prosseguem, agravando a crise humanitária na região devido ao bloqueio de alimentos e insumos médicos.
Nota oficial da flotilha
Em comunicado, a Global Sumud Flotilha confirmou o ataque ao chamado “Barco Família”, que navegava sob bandeira portuguesa. A organização relatou que havia seis passageiros a bordo, todos em segurança, mas destacou os danos provocados pela explosão:
“O barco transportava membros do Comitê Diretor da GSF e foi atingido por um drone em águas tunisianas por volta das 23h30 (19h30 no Brasil). O incêndio causou danos ao convés principal e ao depósito de carga abaixo do convés. Uma investigação está em andamento”, diz a nota.
A entidade também reafirmou que não se deixará intimidar: “Atos de agressão destinados a sabotar a nossa missão não nos dissuadirão. A nossa missão pacífica de quebrar o cerco a Gaza e manifestar solidariedade para com o seu povo continua com determinação e resolução”.
A íntegra da postagem de Petro
O ataque de Netanyahu a uma embarcação que levava comida aos palestinos lembra as ofensivas dos submarinos nazistas contra a frota mercante dos Estados Unidos, apenas porque transportava alimentos para os europeus durante a guerra, em uma época em que a Europa sofria de fome e seus povos recolhiam nas ruas qualquer migalha de comida, enquanto as ricas pradarias norte-americanas forneciam mantimentos em abundância.
A solidariedade norte-americana com os povos europeus foi um enorme exemplo de humanidade e, talvez, em milênios futuros, os EUA sejam lembrados pela história por terem sacrificado milhões de vidas — todas valiosas — em defesa da liberdade. Pelo mesmo motivo também será recordada a União Soviética, mais do que a Rússia, assim como Mao Tsé-Tung, Tito e os grandes homens e mulheres que empunharam armas e lideraram seus povos na luta pela liberdade.
Hoje, o povo palestino recolhe migalhas nas ruas enquanto novos genocidas bombardeiam navios civis que levam comida a crianças famintas que ainda sobrevivem. Trata-se de uma ignomínia inumana diante da qual a maioria dos governos norte-americanos e europeus não reage, tornando-se cúmplices do genocídio, como já ocorreu no passado: governos da Itália, França, Espanha, Portugal e Suécia apoiaram Hitler. Em contrapartida, seus povos se rebelaram e, com armas rudimentares, lutaram em florestas, aldeias e montanhas contra o monstro que se erguera contra a liberdade e a humanidade.
Acredito que chegou a hora de todos os povos do mundo se levantarem contra a ignomínia presente também em seus próprios países. O genocídio em Gaza desnudou os genocidas do planeta, os racistas e xenófobos, os monstros antihumanos.
A humanidade precisa se levantar: é tempo de revoluções.
A história dos avós dos atuais europeus, que se insurgiram contra Hitler — milhões deles mortos sob bombas e em combate — e que se rebelaram contra governos colaboracionistas dos nazistas, deve inspirar seus netos. Eles deram um exemplo de humanidade. Brancos ou negros, hoje a Europa é de todas as cores, e essa é sua nova riqueza, ainda incompreendida por um eurocentrismo ariano que insiste em negar que a Rússia é Europa ou que a verdadeira defesa da herança libertária e democrática está na valorização da diversidade humana e cultural que marca sua longa história.
O povo europeu precisa se levantar, começando pelo povo alemão, que, paralisado pelo “síndrome de Auschwitz”, acaba apoiando um novo nazismo em outras terras. Hitler vive em Netanyahu, e os novos amigos de Hitler o apoiam.
O ataque ao navio civil carregado de alimentos para crianças palestinas é a centelha que pode incendiar a pradaria.
O povo diverso dos Estados Unidos também deve se levantar. Nem brancos, nem negros, nem indígenas, nem árabes, nem latinos devem se ajoelhar diante daquele que inverte a cruz. Jesus jamais teria permitido a presença de um genocida em seu templo, ainda que fosse capaz de perdoá-lo. Ele é a figura milenar de uma religião que pregou o amor à humanidade, e nunca teria defendido Herodes.
O próprio povo judeu, que carrega em suas veias e em sua história a perseguição, a fome, a escravidão e o genocídio, deve se erguer contra o genocida. Caso contrário, a história do povo bíblico se obscurecerá, como nos tempos do Egito escravista, com as pragas que recaíram sobre ele. Agora, no entanto, a mancha cairá sobre sua própria trajetória digna, se não se levantar em nome da justiça e das leis que Moisés trouxe: “Não matarás”, ele disse. Por que deixar que Netanyahu mate dezenas de milhares de bebês palestinos? Será Netanyahu mais poderoso que Moisés e, como um novo Baal, teria ele usurpado seu lugar?
E os árabes ricos, não deveriam se sacudir do torpor que a riqueza do petróleo — em vias de esgotamento — provoca? Teriam medo de perder arranha-céus luxuosos que poderiam ser bombardeados, a ponto de deixarem a Palestina sozinha?
É a hora das revoluções.