TV 247 logo
      HOME > América Latina

      ONU contesta acusação dos EUA e indica que Venezuela não é rota central do narcotráfico

      Relatório Mundial sobre Drogas de 2025 faz menção mínima à Venezuela e reforça que os EUA são o maior mercado consumidor, segundo a ONU

      ONU contesta acusação dos EUA contra a Venezuela (Foto: Prensa Latina )
      José Reinaldo avatar
      Conteúdo postado por:

      247 - O Relatório Mundial sobre Drogas 2025, divulgado pelo Escritório das Nações Unidas sobre Drogas e Crime (UNODC), contesta a acusação de que a Venezuela seria uma rota central do narcotráfico internacional. A informação foi publicada pelo site Prensa Latina nesta sexta-feira (22), com base nos novos dados e mapas do relatório da ONU que atualizam tendências de produção, tráfico e consumo de drogas no mundo

      De acordo com a reportagem, o documento faz menções mínimas à Venezuela como corredor para Estados Unidos e Europa e não cita o chamado “Cartel dos Sóis”, alegado por autoridades de Washington. O texto reforça ainda que os Estados Unidos figuram como o maior mercado consumidor de entorpecentes, ponto também destacado pela ONU ao lançar o relatório em 26 de junho de 2025, em Viena.

      Uma análise do think tank venezuelano Misión Verdad, mencionada pela Prensa Latina, sustenta que “a grande via” do tráfico de cocaína rumo ao hemisfério norte se dá majoritariamente pelo Pacífico colombiano e equatoriano. Segundo essa leitura, 87% do fluxo seguiria por essa rota, enquanto apenas 5% tentaria cruzar o território venezuelano — participação considerada marginal e incompatível com a acusação de que o país seja eixo do narcotráfico. Trata-se de inferência de analistas, não de porcentuais expressos dessa forma no relatório da ONU; os mapas e séries estatísticas do WDR/2025 descrevem fluxos e países de trânsito sem atribuir pesos fixos a cada corredor. Atribuições numéricas como 87% e 5% constam nas análises secundárias citadas acima, e não no documento base da ONU.

      Os dados da ONU apontam que os desafios estruturais do narcotráfico estão concentrados em países como Estados Unidos, México, Colômbia e Equador, identificados como polos críticos de produção, trânsito e consumo, além de lavagem de dinheiro, tráfico de armas e violência associada a grupos criminosos. O lançamento oficial do relatório enfatizou a escalada global do mercado de drogas e os custos sociais e de segurança decorrentes, cenário que, segundo a ONU, tem sido agravado pela instabilidade geopolítica recente.

      No recorte sul-americano, o WDR/2025 descreve rotas marítimas e aéreas que conectam a costa do Pacífico colombiano e equatoriano a mercados de alta demanda, com apreensões recordes e sofisticação logística crescente. Os mapas oficiais disponibilizados pela UNODC detalham as principais direções de fluxo, mas deixam claro que as setas representam tendências gerais e não quantificações exatas ou hierarquizadas de cada rota, o que reforça a necessidade de cautela na leitura de percentuais absolutos difundidos por terceiros.

      A tese de que a Venezuela teria papel central no abastecimento de drogas aos EUA e à Europa perde força diante desse conjunto de evidências recentes. Ao mesmo tempo, a própria ONU sublinha que os Estados Unidos seguem como o maior mercado consumidor — elemento crucial para entender a dinâmica de oferta e demanda que sustenta o crime transnacional e sobrecarrega políticas de saúde pública, como a crise de opioides sintéticos observada naquele país.

      Analistas consultados por veículos alinhados ao tema, como Misión Verdad, argumentam que as acusações da Casa Branca contra Caracas têm caráter político e buscam sustentar medidas coercitivas. Independentemente desse debate, os números e mapas do WDR/2025 deslocam o foco para corredores e mercados onde a ONU identifica maior criticidade, enquanto a menção à Venezuela permanece residual no retrato global do tráfico feito pelo organismo multilateral.

      Relacionados

      Carregando anúncios...