Navio de guerra dos EUA cruza Canal do Panamá em meio a tensão com a Venezuela
Movimentação militar de Washington gera reação de Caracas e preocupa países da região, incluindo o Brasil
247 - O cruzador norte-americano USS Lake Erie, equipado com mísseis, atravessou na noite de sexta-feira (30) o Canal do Panamá, intensificando a presença militar dos Estados Unidos no Caribe, especialmente próxima às águas venezuelanas. O movimento faz parte de uma operação naval de Washington que vem despertando apreensão em Caracas e em outros governos latino-americanos.
Segundo a AFP, a embarcação, que ostenta o número 70 no casco, iniciou sua travessia pela eclusa de Pedro Miguel às 21h30 no horário local (23h30 em Brasília). A passagem, que percorre os 80 quilômetros do canal até o Atlântico, dura cerca de oito horas. Antes disso, o navio permaneceu atracado por dois dias no porto de Rodman, na entrada pacífica do canal, onde foi observado por moradores e turistas que se surpreenderam com a movimentação militar.
O USS Lake Erie tem 173 metros de comprimento, desloca 9.800 toneladas e está baseado no porto de San Diego, Califórnia. A travessia faz parte de uma operação que inclui sete navios de guerra estadunidenses, que conta com mais de 4.500 marinheiros e fuzileiros a bordo, além de um submarino nuclear de ataque rápido. Segundo o governo de Washington, o objetivo central é intensificar o combate ao narcotráfico internacional.
O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, afirmou que o enfrentamento aos cartéis de drogas é prioridade de sua gestão. Autoridades estadunidenses acusam o presidente venezuelano Nicolás Maduro de comandar uma rede de tráfico e elevaram para US$ 50 milhões a recompensa por sua captura. Nos próximos dias, três cruzadores lançadores de mísseis devem se posicionar em águas internacionais próximas ao limite marítimo da Venezuela.
Como resposta, o governo de Nicolás Maduro anunciou a mobilização de 15 mil agentes das forças de segurança na fronteira com a Colômbia, também sob a justificativa de combate ao narcotráfico. Caracas informou ainda que intensificará a patrulha em águas territoriais com drones e embarcações navais. Maduro declarou que conta com o apoio de 4,5 milhões de voluntários para reagir às ameaças norte- americanas.
A escalada militar dos Estados Unidos preocupa países vizinhos. O Brasil manifestou desconforto com a presença de forças navais tão próximas ao continente sul-americano. Em encontro com o presidente panamenho José Raúl Mulino, realizado no Palácio do Planalto na última quinta-feira (28), o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) criticou o que chamou de “ameaças ilegais de uso da força” sob a justificativa do combate ao crime organizado.